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Música

Toty Sa’Med

— Lançamento de "Ingombota" Convidados especiais: Aline Frazão e Paulo Flores

qui13.10.1622:00
Galeria Zé dos Bois


Imagine-se: uma pessoa cruza-se com a música de Toty Sa’med – como todos nos cruzamos com sons que se agarram à pele dos ouvidos: nas redes ou nas ruas, na casa de um amigo ou no telemóvel de um desconhecido, ao regressar da praia… – e depois procura saber mais. É bem provável que se encontre, numa página qualquer para aí perdida, o único retrato que o próprio Toty oferece: “músico”, garante ele. O que é verdade. É música o que ele faz. E é música o que ele é. Isso percebe-se imediatamente ao escutar as seis delicadas peças do EP que se prepara para apresentar. Seis canções que são quase só ar: ar que se solta da garganta e que vibra com as cordas de nylon da sua guitarra. Sol, loucura, doidice, português tropical, melodias de sal e de óleo de palma, que escorregam para dentro da alma sem pedir licença, como deve ser. Como tem que ser.

Kalaf, que o levou em tempos ao CCB quando para isso recebeu carta branca, chamou-lhe “a mais recente gaivota que sobrevoou os céus de Lisboa”. Devia, certamente, referir-se à liberdade que se solta da voz que canta nas línguas que se estendem de Lisboa até Luanda. Toty canta e toca e ilumina e sorri e neste novo trabalho tem ajuda de Paulo Flores e de Aline Frazão, o que é sintomático. Kalaf disse também que é um jovem músico com alma de cota. Jovem como Aline e parte de uma geração que quer renovar a ideia musical de Angola, pegar nos sembas e torná-los universais, tornando-os ainda mais locais. E cota como o mestre Paulo que é ainda mais do mundo por ser cada vez mais de Angola. É a música que nos oferece os melhores paradoxos, mas em Toty não há confusões nem enigmas – é tudo tão transparente que até cega. Quando se ouve este jovem cota a cantar, com manto eléctrico, o enorme “Namoro” de Viriato Cruz que o Fausto e o Sérgio fizeram nosso, o que o Toty faz é tornar esse pequeno tesouro ainda maior, ainda mais universal, ainda mais de todos, ainda mais de cá e de lá, ainda mais tropical, ainda mais. “Tão rijo e tão doce”. Gaivota cota, humbi humbi, cantor. Músico. Toty Sa’med, para guardar cá dentro. RMA

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