Fera nipónica, tem feito nome através de sets incendiários por festivais como o Atonal, em Berlim, assim como diversas atuações milagrosamente registadas e disponíveis nos habituais viveiros da web. Ímpar na cena musical de Osaka, o caos e a magia encontram-se por vias pouco imagináveis em cada presença atrás dos decks. Infusões que passam do industrial ao noise, do rap às bandas sonoras, do 8-bit ao techno e tantas outras paisagens que surgem quando a alquimia acontece. Genuíno iconoclasta, ou até xamã, dos nossos dias, a música parece saltar dos leitores para o exterior; pelo volume, pela equalização e, acima de tudo, pelo alinhamento cósmico com o desconhecido. Yukimatsu encontra assim espaço criativo nessa amálgama referencial inusitada e alucinada, guiada por passagens e escolhas pouco ou nada dadas ao puritanismo dos grandes dancefloors. Já na fabulosa mixtape Midnight Is Comin’, alberga essa cosmologia numa ascensão a lume brando. Borbulhante e infeciosa, a viagem traz uma faceta mais contemplativa, se assim quisermos descrever, de Yukimatsu. O apelo aos sentidos continua a ser o segredo – e aqui parece passar do músculo para o osso.
Quando em 2019 passou pelo Aquário, ficou um rasto de poeira estelar. Anos depois, volta a pisar o palco para chamamentos vívidos, de vários ecos sonoros globais e a certeza de que será uma experiência singular, para o corpo e mente, neste novo testemunho coletivo.