Lançamento do álbum Superinertia
Trio portuense indispensável, é já intensa a sua história. Uma vida de quase uma década a operar no lado mais hipnótico do rock, sempre com uma discografia consistente e pertinente. A velha máxima do minimalismo de que “mais é menos” parece definitivamente enquadrá-los, mas não limitar-los. É nessa contenção deliberadamente controlada que encontram um fulgor que nunca se apaga.
Superinertia é o quinto álbum de 10 000 Russos que acaba de ser editado pela londrina Fuzz Records. Investida robusta no que acima foi descrito, fazendo para isso uma evocação muito vívida do krautock alemão e algum stoner norte-americano. A ascensão da sua música predispõem-nos a despegar para outras paragens. Uma sensação que não é certamente inocente; este disco é afinal descrito como grito ao estado de inércia que o ser humano vive na sociedade ocidental. Alienação, histerismo e tantas outras definições demasiado familiares a todos. Talvez até político na sua visão, lança-nos indiretamente questão para a mãos. Numa banda que procura constante nervo, a inclusão de sintetizadores neste disco apenas contribuiu maximizar toda a essência – e descortinar outras luzes. Mais estelar e menos telúrico, este efeito surge não na lógica de anulação, mas sim de complemento – e porque não, de expansão? Essa mesma expansão da sua música é real e estes 10 000 Russos têm a força e o coração de uma armada.
Nesta que será a apresentação, em primeira mão, de Superinertia, surge a oportunidade de sentir os graves das colunas e ver as paredes suarem enquanto o xamanismo sónico toma conta da sala. NA