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Música
Concertos

Ana Roxanne ⟡ Giovanni di Domenico

qua15.03.2322:00
Galeria Zé dos Bois


Ana Roxanne ©Rich Lomi
Giovanni di Domenico

Ana Roxanne

Num constante e complexo diálogo entre a vivência pessoal e o objecto artístico, o percurso de Roxanne tem sido assinalável. Com apenas dois discos, ingressou nos catálogos de importantes editoras como a Leaving Records e a Kranky – e nem escapou ao radar de Thom Yorke. Entre as memórias distantes do impacto do R&B, as lições na escola de jazz e uma viagem transformadora à Índia, a artista norte-americana chegou a uma linguagem própria. Paira algo de sagrado por aqui, entre os madrigais antigos e aquela chama cósmica de Alice Coltrane, sem esquecer a hipnose noturna de Grouper. O carácter lenitivo das suas criações apela a um lado sensorial, como se de uma escuta activa se tratasse.

Gravado em 2015 e lançado dois anos depois, ~~~ foi o título enigmático que nos apresentou à sua música. A ondulação visual sugerida é desde logo efectiva; essa ideia de movimentação natural, de quem vai tacteando caminho na penumbra para alcançar a luz. Roxanne usa estes ambientes vívidos em que a estática, o ruído externo (voluntário ou não) e, obviamente, a composição de estes e outros elementos, sejam tela de questões maiores. Because Of a Flower sucedeu-se a auspiciosa estreia, trazendo consigo problemáticas humanas sobre os conceitos, tabus e lutas em redor de uma identidade sexualidade além do convencional. O disco abre com as palavras do poeta Lao-tzu, luminária ancestral da cultural asiática, recitadas pela própria. Amplifica-se assim, entre história e filosofia, a inquietude dos que buscam liberdade à normativa. Because Of a Flower é obra que não responde propriamente a questão alguma, mas que traz à superfície essa profundidade às vezes tão impenetrável. Álbum confessional, sim, mas dificilmente solitário.

Um concerto que se antevê revelatório de uma artista em franca ascensão. NA

Giovanni di Domenico

Músico com uma relação de cumplicidade já bem enraizada com este país, através de presenças e colaborações e de onde surge Norberto Lobo enquanto eixo particularmente forte, Giovanni Di Domenico, pianista, performer e compositor conta já com uma discografia que remonta ao final da década passada e que se abre por entre o jazz, a improvisação livre, minimalismo, drone e demais matéria que habita nas fendas entre géneros e que tem servido de bússola para a sua editora Silent Water e encontros com gente como Jim O’Rourke, Tetuzi Akyiama, Tatsuhisa Yamamoto ou Manuel Mota. BS

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