Quando um animal olha para nós, vê-nos tal como somos para ele e não articulará a boca e a língua para nos dizer por palavras como nos vê. Nem poderemos nós saber o que nos diriam tais palavras. A sua ausência só para nós é uma falta. O animal que temos ali diante não fala a nossa fala. E aquela mudez deixa-nos indefesos. E nus. O corpo do animal é como o nosso. Real e concreto. Tem cara, comunidade e habitat. Convida à curiosidade empenhada, para além das reacções em que nos fomos treinando. Convoca o nosso olhar e a imaginação de uma resposta que arrisque uma interacção, mais ou menos directa, individual ou comunitária. Física, política, artística ou outra. Mesmo que inábil e difícil. As criaturas não pré-existem às relações em que se implicam, constroem-se por indução recíproca. Produzem-se no entrosamento, a diferentes tempos, escalas e distâncias. Legando, herdando e reescrevendo gestos e histórias. Refazendo ideias de natureza e criando parentesco. ANIMAL ANIMAL é uma máquina de narração. Dois actores humanos a contar histórias em que os protagonistas são animais. A partir de uma selecção de espécies e de um conhecimento amador das suas morfologias, comportamentos e afinidades com o espaço humano, a par de um repertório de motivos e ideias inspiradas ou roubadas à literatura de ficção ou ensaio, são contadas histórias que tomam como cenário o Jardim Gulbenkian e a cidade de Lisboa, incluindo arredores, Monsanto e mais além. Serão abordadas espécies adaptadas ao ambiente urbano, as esquivas, que se refugiam nas periferias, e também as que só toleram o habitat selvagem. Os enredos desenvolvem-se ora individualmente, ora em alternância de vozes, sobre uma história matriz que é alterada em função de títulos sorteados no início do espectáculo. ANIMAL ANIMAL é uma prática de alegria e um processo em ligeireza. Sem fim.
ANIMAL ANIMAL
— Tiago Barbosa e Cláudio da Silva
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Tiago Barbosa
Tiago Barbosa, licenciado em Teatro – ramo Actores/Encenadores pela ESTC. Trabalhou como actor e performer, em espectáculos de teatro, dança e performance, sob a direcção de Gustavo Ciríaco, Rui Catalão, Miguel Castro Caldas, Nuno Gil, Jorge Andrade e Miguel Pereira, Ainhoa Vidal, Paula Sá Nogueira e André Godinho, Maria Gil, Dinarte Branco e Tiago Nogueira, Martim Pedroso, Mónica Calle, Bernard Sobel, Miguel Loureiro, Lúcia Sigalho, Francisco Alves, João Lourenço, Manoel Barbosa, André Guedes, Rita Natálio, Joclécio Azevedo, Vítor Hugo Pontes, Inês Jacques, António Pires, Catalina Buzoianu, Jorge Silva Melo, Adelino Tavares, Paulo Lages, Renata Portas, Marcos Barbosa, e Edward Fão, entre outros. Na televisão, participou pontualmente em séries e telenovelas. Trabalhou em cinema com realizadores como Sandro Aguilar, Francisco Manso, Manuel Pradal e Patrick Mendes, entre outros. Participou no projecto de arte e neuro-ciência “Raizes da Curiosidade”. Assistiu Vera Mantero nos espectáculos “Pão Rico” e “As Práticas Propiciatórias dos Acontecimentos Futuros”. Encenou “A Grande Sombra Loira”, a partir de sonetos de Florbela Espanca, e “OLÁ, EU SOU O PAI NATAL”, com texto seu.
Cláudio da Silva
Cláudio da Silva trabalhou com o Teatro Praga, Miguel Loureio, João Fiadeiro, Miguel Pereira, Jorge Silva Melo (Artistas Unidos), Rogério de Carvalho (Teatro Municipal de Almada), Pablo Fidalgo, Ricardo Aibéo, Mário Trigo, Madalena Vitorino, Jean-Paul Buchieri, Inês de Medeiros, Carlos Pessoa ( Teatro da Garagem), Emmanuel Demarcy-Mota, Ana Borralho e João Galante, Nuno Cardoso, Rita Natálio, João Samões, Gonçalo Amorim (Teatro Experimental do Porto), Manuel Wiborg e António Pires (Teatro do Bairro). Co-encenou com Manuel Wiborg Debaixo da Cidade. Encenou O Meu Blackie de Arne Sierens para os Artistas Unidos e Felizmente Há Luar de Sttau Monteiro para o TEP. Co-criou Teatro Fantasma, com Carla Bolito,O3 com Pedro Nunez. Criou Poeta Armando. Em cinema trabalhou com Solveig Njordlund, Jorge Cramez, José Pinto Nogueira, Luís Galvão Telles, Ico Costa, Patrick Mendes e João Botelho. Recebeu o prémio SP/RTP Melhor Actor de Cinema pela interpretação no Filme do Desassossego de João Botelho. Em televisão participou nas séries Inspector Max, Liberdade 21, Dez, Aqui Tão Longe e Terra Brava.