Há cerca de uma década, a editora norte-americana Rvng Intl. deu um impulso contemporâneo a Anthony Moore, na sua série FRKWYS, onde propunha colaborações entre músicos de diferentes gerações que não estavam necessariamente em sintonia estética. Ao contrário de outros nomes na série, Moore não era necessariamente um nome esquecido, mas um daqueles que sempre trabalhou nas margens e procurou sempre exponenciar a teoria para a prática, com resultados frequentemente surpreendentes desde que começou a editar em inícios da década de 1970. A sua carreira a solo oscila entre discos pop de um psicadelismo único e um experimentalismo proactivo. Foi um dos membros fundadores dos Slapp Happy, colaborou com Henry Cow e tem uma importante carreira académica: entre 2000 e 2004 foi o director da Academia de Artes da Média, em Colónia.
Nos últimos anos, a sua música tem sido alvo de redescobertas e novas edições. “Out” e “Flying Doesn’t Help”, dois álbuns a solo, de 1976 e 1979, reeditados recentemente pela Drag City deram a conhecer a muitos a vertente de Anthony Moore de arquiteto de canções nos extremos da pop a deliciar-se com o psicadelismo/experimentalismo. Ou álbuns como “Arithmetic In The Dark” (Touch, 2019), serviram para reavaliar as qualidades de Anthony Moore como compositor contemporâneo e um dos teóricos experimentalistas mais arrojados e menos reconhecido das últimas décadas. Será mais nesta vertente que o veremos na sua estreia em Portugal, na Zé dos Bois, onde apresentará dois sets, um na companhia de Bruno Aires (electrónica) e Richard Moore (violino), e o outro será um solo de guitarra. Pelas amostras que conhecemos do seu trabalho recente – e de actuações que ouvimos -, a experiência é física, enternecedora e enriquecedora. BS