A Livraria Zé dos Bois despiu uma das suas paredes de livros para acolher projectos de intervenção artística. É neste contexto que recebe a Apologia da Floresta e Outras Impressões, de AnaMary Bilbao, a convite de Joana Leão. Mostra composta por dois trabalhos resultantes de negativos de vidro, cuja relação dialógica, tanto na sua materialidade quanto na sua tonalidade, permite entrever uma unidade que se estabelece desde o momento da sua revelação, sem no entanto esgotar a diferença dos seus conteúdos.
Como duas forças opostas que se atraem, uma das imagens lembra uma floresta de onde se ausenta qualquer presença humana, enquanto a outra imagem, intersticial, se encontra repleta de impressões digitais deixadas na superfície do vidro e que impossibilitam o acesso à imagem fotografada. O humano lembrando o orgânico, mas no final como impossibilidade de regresso à origem, e o natural como representação do originário distante do humano, que apenas o observa de longe e sem nunca se tornar parte integrante da paisagem. Estas duas imagens carregam em si tanto presença como ausência. Lado a lado dialogam uma com a outra, ao mesmo tempo que determinam em silêncio a sua incomensurável distância. AnaMary Bilbao