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Música
Conversas

Arianna Casellas ⟡ Lorr No

sex24.09.2119:00
Galeria Zé dos Bois


Arianna Casellas

De Venezuela a Portugal, Arianna traz consigo uma herança de narrativas e canções de outros tempos. Escutá-la é descortinar não só um conjunto de memórias pessoais, da infância em Caracas e da juventude no Porto, mas também uma noção muito pessoal do que deve ser – e soar – a dita folk. Diga-se folk pela natural proximidade à energia telúrica da sua música e às histórias que surgem entre o canto e a declamação, de tom profundamente confessional. Recorre a uma e outra, de modo livre e gracioso; assim como o uso das palavras, entre o espanhol e o português, numa maravilhosa terra de ninguém. A mestiçagem genética do que cria e a intimidade com que partilha a sua existência e pensamento são de facto elementos raros nos dias de hoje – e encontrá-los permite-nos um sentimento misto de descoberta e fascínio.

Concepto de Madre foi editado online pela Discos de Platão e revela essa identidade artística tão peculiar de Arianna Casellas. São canções, ou pedaços delas, aqui expostas sem artifícios e fazendo uso dos silêncios como uma pontuação numa prosa sem início e sem fim – mas com tudo o que no meio existe. Um nome a reter e, definitivamente, uma presença beatífica no caos desta época ainda em (re)definição. NA

Lorr No

Da sempre atenta Favela Discos, Lorr No é mais um capítulo na exploração da nata nacional que se tem revelado nos últimos anos. Mantras urbanos, imaginados e interpretados por Nuno Loureiro, que invocam uma sensibilidade ambiental feita de melodias em leve ascensão e dispensando (inteligentemente) o ritmo em forma de batida. Na verdade, esta característica acaba por ser o seu maior trunfo num trabalho sonoro que se constrói e se desafia em si mesmo. Estratosférico sim, embora igualmente terrestre na sua forma mais anímica, Alergia foi lançado o ano passado em formato físico e digital. Prima por um minimalismo eficaz nos efeitos oníricos a que se propõe – e inclusive vai mais além. De certo modo, assume-se como uma descolagem em lume brando que parece procurar escapar do excesso das coisas mundanas que tanto nos rodeia, tanto nos seduz e tanto nos repudia. Afinal, a melancolia também nos pode vitaminar – e Lorr No faz por deixar esta premissa connosco. NA

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