A banda lisboeta vai trilhando o seu percurso ancestral sedimentado num espírito colectivo que ao longo dos últimos anos tem dado frutos. E voltou a dar: através de extensos ensaios improvisados alcançaram uma nova edição, agora sob o selo da britânica Ghost Box. O terceiro disco, “The Invisible World of Beautify Junkyards”, indicia uma colectânea de ambientes enigmáticos e turbulentos, contudo, sem descurar a cosmic folk que há muito se reflecte na impressão sonora do grupo. A preciosa ajuda de Arthur David (Mão Morta, Orelha Negra, Cool Hipnose) e Jon Brooks num processo criativo recheado de elementos electrónicos, atenua as tradicionais influências do passado, profundamente ligadas ao psicadelismo folk e à tropicália brasileira. O sucessor de “The Beast Shouted Love” tem estado em rotação nas rádios nacionais e internacionais, nomeadamente, BBC2 e KEXP.
Não só de novas tonalidades sonoras vive esta produção, mas para ela é igualmente destacável a colaboração com a violoncelista sueca, Helena Espvall, residente em Lisboa e ex-membro dos americanos Espers, que já leva um sólido trajecto na música de improviso, tendo ainda trabalhado com os experientes Vashti Bunyan e Bert Jansch.
Existe nos Beautify Junkyards uma forma de vida camaleónica, capaz de gerar estratos, texturas cósmicas, fixando-se como uma contemporânea raridade. Grupo embebido por mesclas harmónicas, porém, fortemente inspirados pela kosmiche germânica que, em 2013, resulta inclusive numa versão de Radioactivity dos Kraftwerk. Com este disco chega para abrir uma porta para outro mundo: “The Invisible World of Beautify Junkyards” será apresentado na cálida noite da ZDB. JH