Para este projecto, na sequência de uma encomenda feita pelo Festival Curtas Vila do Conde, os Black Bombaim convidaram João Pais Filipe, baterista/ percussionista do Porto, para colaborar com o trio de Barcelos na criação da banda sonora do filme “Dragonflies with Birds and Snake”. Este trabalho do realizador Wolfgang Lehmann é originalmente um filme que a banda sonora é o silêncio, mas o corte e a edição contêm um elemento rítmico bastante presente. Este foi o mote para o começo do trabalho em conjunto, polirritmos que induzem o espectador em transe. Juntando as várias dinâmicas possíveis que se podem esperar de um músico como João Pais Filipe, também ele um artesão no fabrico de instrumentos, os músicos adoptaram a visão do realizador que divide o filme em três partes, as do ciclo da vida, nascimento, sexo e morte.
Black Bombaim & João Pais Filipe
Black Bombaim
Black Bombaim roubaram o seu nome aos Mão Morta, o groove ao baixo dos Sleep, o fuzz da guitarra do Hendrix e a bateria em modo locomotiva dos Earthless. Como os Sex Pistols, com o que roubaram fizeram algo novo e próprio; não uma carrinha punk, mas uma nave espacial stoner com duas velocidades apenas — a de órbita e a de escape, que nos propulciona para o vácuo sideral onde um riff esticado à eternidade parece durar apenas o suficiente para induzir o trance. Entre álbuns em nome próprio, discos colaborativos, EPs e splits com outras bandas, na extensa discografia que ascende à dezena de referências, destaca-se, acima de tudo, o carácter exploratório
dos Black Bombaim comprovado pelas imensas colaborações que têm desenvolvido com outros artistas nacionais e internacionais como Peter Brötzmann, La La La Ressonance, Steve Mackay (The Stooges), Rodrigo Amado, Isaiah Mitchell, Luis Fernandes, Pedro Augusto, Jonathan Saldanha, entre outros. O “piri-piri psych” dos Black Bombaim desde logo despertou atenção internacional com edições licenciadas por editoras de referência como a Cardinal Fuzz (Inglaterra) ou a Permanent Records (EUA) e presença em festivais icónicos como o Roadburn na Holanda, Duna Jam na Sardenha, ou Jazz Jantar na Polónia.
João Pais Filipe
João Pais Filipe (n. 1980) é um baterista/percussionista e escultor sonoro do Porto. O seu percurso enquanto músico é caracterizado pela abordagem a uma grande amplitude de estilos e linguagens, em bandas como os Sektor 304, HHY & The Macumbas, Unzen Pilot e Fail Better!, Pedra Contida, Radial Chao Opera, Two White Monsters Around a Round Table, ao mesmo tempo que mantém uma actividade regular no universo da música improvisada, tendo participado em inúmeros projectos ao lado de nomes como os de Steve Hubback, Fritz Hauser, Evan Parker, Marcello Magliocchi, Stefano Giust, George Haslam, Carlos “Zíngaro” e Rafael Toral. João Pais Filipe desenvolve, complementarmente ao seu trajecto como músico, um trabalho de construção de gongos, pratos e outros instrumentos percussivos de metal, através do qual explora tanto as propriedades acústicas destes objectos como a sua potencial dimensão escultórica e imagética.