Como quem deixa cair a licenciatura na Goldsmiths para deixar que o conhecimento amealhado nesse anos de faculdade sirva para alguma coisa sem grandes conjecturas, Klein habita uma esfera em constante desafio highbrow vs lowbrow que escapa ao cinzentismo do meio enquanto assimila informação vinda de todos os lados. Residente em Inglaterra, esta jovem de origem nigeriana deixou logo patente na estreia com ‘Only’ uma voracidade certeira, capaz de recolher ensinamentos da gospel de raiz ou de ‘Full Moon’ da Brandy com a mesma reverencia, para as dispersar numa música de esquinas e falsos arranques constantes continuamente fluída. Processamento subterrâneo e electrónica caseira a pulsar de vida em pequenos temas de arco narrativo abstracto ali na fronteira da canção. BS
Klein ⟡ Van Ayres
— BoCA Bienal
Concertos co-apresentados em parceria com a BoCA Bienal
Van Ayres
Animado por uma fome de viver que contagia tudo em seu redor, a música do ainda muito jovem Rafael reflecte esse mesmo estado anímico e físico em constante ebulição num condão criativo intuitivo em que todas as partes se deixam conduzir à exaltação, honestidade e delírio na sua forma mais pura. Em ‘Sorry Stars’ editado no final do ano passado, reconhece-se uma electrónica exultante e sonhadora que mapeia o agora através de coordenadas que tanto devem à IDM mais lúdica, à incandescência 90′ trance com ressonância em gente como Rustie ou Lorenzo Senni, às bandas sonoras de jogos ou à hiper-realidade consumista do James Ferraro pós ‘Far Side Virtual’ com uma entrega e sinceridade que se celebra. BS