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Bola da Liberdade

— 2JACK4U ⟡ Ana Pacheco ⟡ DJ Kolt ⟡ DJ Lynce ⟡ Enxin/Onyx ⟡ Fantasia Radical ⟡ quendera

seg24.04.2321:00
Galeria Zé dos Bois


2JACK4U
Ana Pacheco
DJ Kolt ©Marta Pina
DJ Lynce
Enxin/Onyx ©Nastya Platinova
Fantasia Radical

Em Abril, a Bola de Cristal volta a transformar-se em Bola da Liberdade e celebramos a noite com um alinhamento de pedras preciosas: 2JACK4U, Ana Pacheco, DJ Kolt, DJ Lynce, Enxin/Onyx, Fantasia Radical, quendera.

2JACK4U

Estamos noutro mundo, em espécie de alienação virtual dirigida por dois comandantes. A partir do Covil, Rubina Góis e André Faustino mandam comunicações para o resto da Terra, a palavra passa e a reputação cresce. As sessões são meticulosamente preparadas, o sentimento começa pela escolha do equipamento, depois as ligações e os testes. Por fim, a confiança numa página branca que se vai preenchendo com o instinto de improvisação dos dois músicos. Mesmo processo em ambiente exterior, fora do Covil. A única rede de segurança é o conhecimento das máquinas, tudo o resto se desenvolve organicamente, se pudermos usar o termo aplicado a um ambiente sintético e sempre extra-terrestre.

Esta escola Acid Techno parece viajar eternamente ao longo de toda a linha cronológica, geográfica e técnica que faz e fez a história da música electrónica de dança. Não precisam ser doutorados em Jack, nestes grooves e linhas ácidas ouve-se uma herança que até estica mais longe do que o momento zero do Techno, algures no século XX. A pulsação é mais que isso, vai reavivando, renovando sentimentos ritualistas e processos rítmicos do corpo, para além do drive comunitário que nos junta. Podem conectar com a intensidade nas sessões do Covil na Rádio Quântica, mas é na carne e osso misturada com metal e aquele nada esotérico que nos leva daqui para fora que se absorve tudo em pleno.

Texto de José Moura (Flur | Holuzam | Príncipe)

Ana Pacheco

A diversidade está no centro de tudo o que a Ana Pacheco faz. Para além do seu trabalho como DJ, apresentadora de rádio e promotora, é também criadora de cabras e psicóloga, e o seu gosto musical é igualmente eclético. Desde os primórdios da electrónica e do trance hipnótico até ao pós-punk e electro mais excêntricos, os seus sets levam a pista de dança numa aventura desenfreada pelos limites da música electrónica.

DJ Kolt

DJ Kolt é o principal produtor e DJ do grupo Blacksea Não Maya, fundado há mais de uma década no Bairro da Jamaica, e onde trabalha hoje com DJ Noronha (seu irmão) e DJ Perigoso. O trio estreou-se em 2013 na editora Príncipe Discos com o split EP B.N.M / P.D.D.G. Seguiram-se Calor no Frio (2015) e Máquina de Vênus (2020), revelando o espírito inspirado de Kolt.

DJ Lynce

Se pudermos encapsular todas as ramificações que se conjugam na teia musical das culturas e sub-culturas urbanas, e não delimitarmos restrições espaço-temporais no que toca a fenómenos de experimentação, atitude DIY, protesto político e artístico, clarividência criativa ou puro “geekness” computacional, deparamo-nos com a liberdade que sente e expressa DJ Lynce quando seleciona discos. Uma figura que incorpora o inconformismo e a irreverência e estremece a ideia do que é ou não um DJ. Poderia tecer de uma ponta à outra um fio de géneros e sub-variações do universo musical que partilhamos, mas ouvindo sabe melhor. 

Enxin/Onyx

A tensão entre discórdia e harmonia, a distorção prismática de Tot Onyx (Tommi Tokyo, anteriormente de grupo A) e o novo projecto de Hiro Kone (Nicky Mao), Enxin/Onyx, abandona todas as distinções anteriores por algo mutável e inquietante. O primeiro EP Dorothy abre com a forte inquietação de “The Face of Others”, as vozes de Tommi cortam através da escuridão para puxar o ouvinte para dentro, uma espécie divina de loucura subterrânea que se desenrola por todos os lados.

Vozes assombradas borbulhando entre a electrónica móvel, mercurial por vezes, confrontacional por outras. Esta constante interacção entre elementos das suas práticas individuais dá lugar a uma experiência sónica que não conhece fronteiras. Nada surpreendente para ambas as artistas cujo trabalho abrange numerosas colaborações, incluindo filme e dança.

Metálica e selvagem, obscura e afiada, as quatro canções do EP Dorothy sentem-se vivas e impermeáveis às tendências musicais actuais, tornando-o uma estreia emocionante para a dupla que tem produzido vários singles, nos últimos anos. Primeiro, para a faixa título de Hiro Kone “Pure Expenditure” (Dais Records 2018), uma canção extremamente perturbada que despertou muito entusiasmo entre a dupla. Após o sucesso de “Pure Expenditure”, formaram-se oficialmente como banda, estreando a primeira faixa oficial “DIN DIAN”, um ataque inflexível e por vezes bem-humorado às expectativas, para o set More Light, do festival Atonal 2020 (Berlim).

Fantasia Radical

Duas das mentes que conduzem a Príncipe e que acumulam também já larga experiência, saber e energia atrás dos pratos, aqui em conluio de visão e força motriz para a dança. Fantasia é o nome usado por Nelson Gomes da Filho Único e dos Gala Drop para as suas estadias na cabine e na produção de malhas cósmicas informadas pela disco e house. Radical é o alias mais recente de Márcio Matos, dj e artista visual que tem vindo a desenhar uma linguagem total – tanto no traço como nas escolhas para a pista – tão sua quanto essencial para o estados em que as coisas estão. BS

quendera

quendera é uma falha perpétua em não ser ser ninguém. Nasceu no hardcore punk dos subúrbios de Lisboa e cresceu na cena rave queer underground. Nos seus esforços de fazer upload de si próprio, quendera programa. Live coding é o veículo através do qual estes algoritmos existem, materializados em paisagens sonoras de ambient, populadas apenas por completo caos percussivo. quendera é um código efémero, preso num loop, até que a consciência se dissolva na totalidade.

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