A que é que se chama «história» e a que é que se chama «civilização» (e quem é que chama?)? Como é que o vivo fabrica o morto (que género de «outro» é o morto?)?
Que noção tem o apropriador daquilo de que se apropria (o que é que mostra? Como e para que fins é que mostra?)?
A convite da ZDB, Brito expõe um conjunto de ilustrações do catálogo do hipotético museu duma civilização antiga inventada a partir da novela (chamada «Budonga») que, nos idos anos oitenta, o seu colega Proença extrapolou duma anedota parva.
O nome «Budonga» usa-se numa anedota que fala de humilhação e/ou morte por violação anal ritual. Chega ao dicionário homeostético na novela «Budonga» (1985), em que Proença narra a fuga dum branco cerebral entediado para o coração da África subsaariana. Em Brito, logo após, nomeia uma cidade anterior à civilização mesopotâmica, do catálogo de cuja escavação (documento pomposo de arqueologia colonialista) aqui se mostram ilustrações de arquitectura, de baixo relevo, de equipamento e de estatuária. No quotidiano homeostético, «Budonga» (que dá o qualificativo «budonguiano»), faz-se um «cliché» de uso imoderado cujo sentido não ocorre a ninguém querer fixar.