Surgiram com estertor, em 2005, em plena revitalização da criatividade de uma Lisboa que, desde então, não tem parado de dar frutos no cruzamento das energias do jazz, do rock e do noise. Concertos e discos míticos de transe e apoteose continuada, ou, como dito na altura, final perpétuo de um concerto rock, fizeram dos CAVEIRA nome para recordar e acompanhar sempre que intensidade e guitarras se juntam numa mesma conversa.
Após uma redução do trio original para uma breve existência enquanto duo, com Pedro Gomes na guitarra e Joaquim Albergaria na bateria, indiciando uma mudança de rumo e uma tendência para aprofundar a inclassificabilidade desta música, foi preciso esperar até 2013 para um ressurgimento que tem vindo a provar, em aparições muito pontuais, que o mistério da construção, o tumulto da sobreposição e um refinar do diálogo entre músicos continuarão a levar os Caveira por trilhos e texturas únicas.
Ao lado do original Pedro Gomes, a instrumentação original da banda é reposta pela guitarra de Manuel Mota e pela bateria do omnipresente e multi-facetado Gabriel Ferrandini, num trio que cruza a improvisação e o jazz mais livre com os assaltos atonais e informes responsáveis por algum do mais vital barulho nipónico do final do século XX (Fushitsusha, Anatarash ou Ruins são referências incontornáveis). Um regresso a não perder.