Os CAVEIRA. Grande banda portuguesa que até 2010 foi um tumulto, um assalto informe ao edifício devoluto do rock. Poucos ousavam e ousaram competir com as suas guitarras (Rita Vozone e Pedro Gomes) e bateria (Joaquim Albergaria). Só nomes estranhos (Gravitar, Juneau) ou primitivos (Blue Cheer) lhes foram comparáveis.
Quando surgiram em Lisboa no ano de 2005, assistia-se a uma revitalização do power-trio e a um novo cruzamento das energias do jazz, do rock e do noise. E os seus efeitos foram ouvidos numa séries de grupos e projectos nacionais que se libertavam dos formatos tradicionais e dos clichés da história da pop para enfatizarem a produção musical como um devir.
Ao vivo, em estúdio ou em disco, os CAVEIRA estiveram sempre na dianteira desse novo “movimento”, infundindo-lhe substância, volume e expressão – basta recordar o magnífico cd-r “Africa” ou os incríveis concertos na Caixa Económica Operária, no Lux ou na ZDB. E nem a transformação forçada num duo, com a saída da Rita Vozone, veio interromper a vida da banda, pelo menos até Abril de 2010. Nesse mês, Pedro Gomes e Joaquim Albergaria decidiram seguir ramos distintos e a fúria dos CAVEIRA calou-se…para regressar hoje numa nova e intrigante encarnação. Ao lado de Pedro Gomes (guitarra), vão estar André Abel (ex-Aquaparque, Tropa Macaca, na guitarra) e Gabriel Ferrandini (RED Trio, Rodrigo Amado, Nobuyasu Furuya, ACRE, além de manter duos com Pedro Sousa e David Maranha). A nova formação, a julgar pelos recém-chegados membros, promete sonoridades e ritmos diferentes daqueles a que os antigos CAVEIRA nos habituaram. Mas na essência, o tumulto, com outros timbres, texturas e vozes, continuará a ser o mesmo. JM