A exposição Chama Xamânica apresenta, pela primeira vez em Lisboa, e de forma extensiva, o trabalho ainda bastante desconhecido de Otelo M. F. (Almancil, 1974). Constituída por um número substancial de desenhos, objectos e esculturas, esta exposição permite mergulhar num universo criativo ao qual não são estranhas as noções de animismo, primitivismo ou xamanismo. Mais do que meras referências discursivas, estes são verdadeiros campos de conhecimento operativo para um trabalho frequentemente movido pelo sentimento de perda face a um mundo desligado do espírito da terra e do conhecimento cultivado pelos nossos antepassados. Não surpreende, portanto, que o artista tenha na performance e no ritual os canais que lhe permitem conduzir energias, convocar presenças ou articular materialidades. Movimento, metamorfose, transitoriedade, devolver ideias que não tenham corpo, recolher e reutilizar matérias frequentemente tratadas como restos, em contexto urbano ou natural, estabelecer ligações ou diálogos inusitados entre materiais e formas, são palavras-chave numa prática muito alargada, que afirma que “o trabalho artístico serve para reclamar a nossa existência espiritual”.
Exposição produzida em parceria com a Culturgest e apresentada nos espaços daquela instituição, no Porto, entre 18 de Fevereiro e 15 de Abril de 2017.