Como deixou bem claro o jornalista e crítico musical Brian Morton nas suas liner notes para o álbum ‘Braids’, lançado no ano transacto pela Now-ezz-thetics da mítica Hat Hut, aqui estão “three men who have, if you will, won the argument already”. Três figuras sobejamente reconhecidas no panorama do jazz e da improvisação, e talvez não tão curiosamente, com ligações mais ou menos perenes a músicos deste país, que aqui se encontram para desenhar uma música plena de liberdade que nunca se deixa levar pelo estardalhaço ou aparato solista para se fazer ouvir. Comunicação orgânica com tanto de entrega como de silêncio, vinda de gente com escuta aprumada e que entrega cada nota e movimento com absoluta valência e respeito mútuo. Intuição e saber que se fazem notar sem alarido, entre momentos de maior expansividade e uma contenção próxima da improvisação lower case que nunca peca pela ausência. Tudo no seu lugar.
A bateria de recursos infinitos de Corsano, cuja presença recorrente por aqui tem sido uma benção, seja através da sua ligação próxima a Rodrigo Amado ou em outras configurações, cria toda uma tapeçaria de pratos e texturas inusitadas nas peles que se enreda com os harmónicos, extended techniques e melodias esquivas da guitarra do Suiço Florian Stoffner, músico com ligações à Creative Sources e colaborador regular de Paul Lovens. No outro vértice, o britânico John Butcher – peça fulcral do jazz e da improvisação europeia – espraia todo um sem-número de técnicas e acções, tanto no saxofone tenor como no soprano, capazes de ir de apontamentos melódicos plenos de lirismo a momentos de absoluta abstracção num mesmo fôlego. BS