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Música
Concertos

Christoph De Babalon ⟡ Enkō

sáb19.01.1922:00


Christoph de Babalon

Christoph De Babalon

Alvo de uma bem necessária reedição já este ano, ‘If You’re Into It, I’m Out Of It’ reencarna no corpo o espectro de 1997 com um valente sentido de timing e sincronismo nestes tempos desesperados que reclamam a herança do darkcore, illbient e assombrações rave na conjura de editoras como a Blackest Ever Black, Opal Tapes ou as Test Pressing Series dos Demdike Stare. Carta fora do baralho já por si bem disfuncional da Digital Hardcore Recordings, aquele que Thom Yorke considerou o “álbum mais ameaçador da minha colecção” terá soado tão anómalo e enquadrado no zeitgeist do seu tempo ao lado do punk digital dos Atari Teenage Riot, do breakcore de Bomb 20 e do estertor breakbeat/gabber de Ec8or quanto nos dias hoje, capaz de sacar royalties a gente como Raime ou Haxan Cloak. A confluência natural do agora, onde nomes como Wolfgang Voigt ou Deathprod surgem num mesmo espaço de diálogo com Xenakis ou Source Direct, com profecia na geminação do ambientalismo pesaroso de ‘Opium’ paredes meias com as batidas quebradas e pedaços de realidade crispados de ‘What You Call Life’ – jungle, musique concrete e drone em movimentos esquinados. Fiel a essa condição de alienado, desde logo patente no título do álbum, Babalon recatou-se para ir reaparecendo pontualmente com discos como ‘A Bond With Sorrow’ na Tigerbeat6 ou o split com Kid 606 na FatCat, longe de qualquer foco de atenção histriónico, sempre nesse seu mundo, fora de cenas. Uma existência na sombra que recolhe agora e com justiça a devida atenção, nesta fase de reaproveitamento e reavaliação constante de todos os passados, alimentada pelos elogios rasgados da Resident Advisor ou da Pitchfork e continuada, como se nada fosse, por Babalon com o lançamento de ‘Exquisite Angst’ pela A Colourful Storm, recolha de pedaços esquecidos do produtor alemão captados entre 1993 e 1998. Da série de recuperações prementes no meio de tanto rehash vazio e inconsequente.

Enkō

A postura de Enkō enquanto dj define-se pela exploração de ambiências cerebrais e ritmos físicos da música electrónica. Identificando e servindo-se do techno como pano de fundo e preferindo a paciente e por vezes inesperada manipulação do espaço e da energia através de texturas e repetição, tenta diluir a componente visual e enfatizar a auditiva, fundindo-as numa atmosfera imaginada, densa, misteriosa.
Apesar de ter uma história antiga com o djing, é com um foco renovado e com uma sustentada contribuição para o contexto electrónico lisboeta, tanto através da participação em projectos como Desterronics, ou curando musical e artisticamente o after hours de referência em Lisboa OBRΔ e fundando as Ocaso, que Enkō acaba por ganhar algum reconhecimento e partilhar música um pouco por todo o país. Em 2018 pudemos ouvi-lo no Boom Festival, Festival Forte, Aura Festival, Alice, Orbits, Piknikbeat e nos Açores, na Galeria Arco 8.

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