A ZDB apresenta um ciclo de cinema relacionado com a exposição Primeiras Impressões de uma Paisagem, actualmente a decorrer na galeria, constituído por um pequeno conjunto de filmes escolhidos por João Nisa para dialogar com o seu trabalho, sobretudo oriundos do domínio do chamado cinema experimental. O programa atravessa várias formas de trabalhar os lugares, a paisagem e a duração, interrogando igualmente a noção de ponto de vista.
10 NOVEMBRO ~ 19h ~ Cinemateca, Sala M. Félix Ribeiro
NOCTURNO
de João Nisa
2007, DCP, 27′, cor, som
Descrição visual e sonora do espaço abandonado da antiga Feira Popular de Lisboa, no período anterior à demolição das suas instalações, exibindo numa duração alongada fachadas semidestruídas e divertimentos desmontados, recobertos por diversos jogos de sombras. “Procurei recuar até um certo grau zero da linguagem cinematográfica, registando os mais pequenos acontecimentos no interior de uma série de enquadramentos fixos de um espaço desertificado.” (João Nisa)
TIME AS ACTIVITY – DÜSSELDORF
de David Lamelas
1969, 16mm, 13′, p/b, mudo
Em Time as Activity, David Lamelas utiliza o próprio tempo como material, relacionando-o com a arquitectura e as estruturas urbanas. Concebido para a exposição Prospect 69, na Kunsthalle de Düsseldorf, o filme é constituído por três vistas com quatro minutos de duração, registadas em três pontos distintos da cidade alemã, cada uma apresentando uma diferente relação entre fixidez e movimento.
FOG LINE
de Larry Gottheim
1970, 16mm, 10’30, cor, mudo
“Olha-se, olha-se, e o nevoeiro começa a levantar, revelando-se a riqueza da imagem. As três árvores desiguais, as linhas da paisagem, os cabos de alta tensão, os animais fantasmas em movimento, a agitação da emulsão da película, tudo se imprime na consciência, É consciência. Linhas fixas, rígidas, tentam conter o informe e fugidio nevoeiro em movimento. A natureza das linhas compete com a natureza do nevoeiro, mas tudo é harmonia, banhado numa palidez deslumbrante.” (Larry Gottheim)
PALAST
de Tacita Dean
2004, 16mm, 10’30, cor, som
Palast isola fragmentos da fachada espelhada do edifício do parlamento da antiga RDA, sobrepondo os reflexos dos topos das construções circundantes e as variações luminosas do pôr-do-sol à grelha geométrica da sua estrutura. Até hoje exclusivamente mostrado em museus e galerias, sob a forma de uma projecção de pequenas dimensões, em loop, o filme é, no âmbito deste programa, pela primeira vez apresentado numa sala de cinema.
21 NOVEMBRO ~ 19h e 21h30 ~ ZDB
MY MOUNTAIN, SONG 27
de Stan Brakhage
1968, 16mm, 17’30, cor, mudo
“Um estudo em velocidade acelerada do pico Arapahoe, em todas as estações, ao longo de dois anos de filmagens – a forma como as nuvens e as variações meteorológicas esculpem o seu lugar na paisagem.” (Stan Brakhage)
BARN RUSHES
de Larry Gottheim
1971, 16mm, 34’, cor, mudo
“O filme é constituído por oito passagens ao longo do celeiro, cada uma com a duração correspondente a uma bobine de película de 30 metros. A luz e a sua relação com as ervas em primeiro plano, com o céu e com o bosque ao fundo, muda em cada passagem. […] O celeiro revela-se, como o fazem outras coisas e criaturas nos meus filmes. É simultaneamente passivo, como eu sou com a câmara, e activo, parecendo quase vivo.” (Larry Gottheim)
CHAMP PROVENÇAL
de Rose Lowder
1979, 16mm, 9’, cor, mudo
O filme apresenta uma construção visual, elaborada imagem a imagem, a partir de um ponto de vista único, de um pomar de pessegueiros em três diferentes momentos: a floração (1 de Abril), o aparecimento das folhas (16 de Abril) e a frutificação (24 de Junho).
5 DEZEMBRO ~ 19h ~ ZDB
LA RÉGION CENTRALE
de Michael Snow
1971, 16mm, 190′, cor, som
Um “gigantesco filme de paisagem” e “uma espécie de registo absoluto de um fragmento de natureza selvagem” (Michael Snow), La Région centrale foi inteiramente filmado através de uma máquina propositadamente construída para o efeito, que permitia a realização de elaborados movimentos de câmara rotativos, em todas as direcções e a diferentes velocidades. O filme procede à exploração sistemática de uma paisagem desértica até ao esgotamento de todas as suas potencialidades visuais, reivindicando uma forma de percepção radicalmente liberta das coordenadas humanas.
19 DEZEMBRO ~ 19h ~ ZDB [Sessão adiada com data a anunciar posteriormente]
TREE* MOVIE
de Jackson Mac Low
1961-72, vídeo, 210′, p/b, som
Concebido sob a influência de John Cage e de certas composições de La Monte Young, Tree* Movie começou por existir apenas sob a forma de um conjunto de instruções escritas, surgindo, antes de Empire, de Andy Warhol, como a primeira proposta de um filme assente na ideia de um plano fixo virtualmente interminável. A versão apresentada combina uma filmagem realizada em vídeo por Mac Low, em 1972, com a gravação do som de uma sua performance, registado em 1985.
9 JANEIRO ~ 19h e 21h30 ~ ZDB
DER RIESE [THE GIANT]
de Michael Klier
1983, vídeo, 82′, p/b e cor, som
Em Der Riese, Michael Klier transforma o espectador num voyeur, mostrando-lhe a vida numa cidade alemã através do olho electrónico de inúmeras câmaras de vigilância. Acompanhadas pela música evocativa de Mahler e Wagner, vemos imagens de ruas, aeroportos, estações de metropolitano, lojas, bancos e casas privadas, sempre filmadas pelo anónimo e omnipresente olho do vídeo, que tudo vigia em permanência.
CITYSCAPE
de Michael Snow
2019, vídeo HD, 8’30, cor, som
Realizado para o sistema IMAX, Cityscape assume-se como uma breve revisitação do método de filmagem utilizado por Michael Snow em La Région centrale, adaptando-o a uma paisagem citadina e às características da imagem digital.