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Cured Pink ⟡ F ingers

qui24.09.1522:00
Galeria Zé dos Bois


Cured Pink
F ingers

Cured Pink

Naquela que é a sua primeira tour europeia, os australianos Cured Pink estreiam-se enquanto quarteto em Portugal, após anos de existência solitária conduzida pela mente de Andrew McLellan. Recrutando para as suas fileiras músicos oriundos de projectos tão meritórios como Sky Needle ou Per Purpose, e com As a Four Piece Band – título auto-explicativo – na eminência de sair pela RIP Records, McLellan tem conduzido a entidade Cured Pink por um caminho pantanoso de difícil definição, com registos em editoras como a Another Dark Age e a Black Petal a mapearem uma visão refractada mas consistentemente coerente. Já anunciada de modo mais enfático no óptimo ’11 Put Aside – considerado pelo próprio McLellan como um percursor para a actual existência enquanto banda – a passagem para esta formação projecta essa mesma visão em direcção a uma dimensão mais corpórea.

Fazendo confluir diversas linguagens num estado alucinatório/febril, a música dos Cured Pink surge algures entre o clamor industrial dos primeiros Einstürzende Neubauten, a musique concrete enquanto ritual dos Faust mais telúricos e as feitiçarias dos Liars circa They Were Wrong, So We Drowned, espelhados em tácticas dub e na herança infinita de 20 Jazz Funk Greats dos Throbbing Gristle. Devedores do post-punk naquilo que este tem de mais físico e primitivo, edificam canções a partir de detritos como se de um mantra se tratasse, num freak out de grupo de elevação e catarse. BS

F ingers

Com o álbum de estreia Hide Before Dinner acabado de sair na proeminente Blackest Ever Black, os F ingers são um trio oriundo de Melbourne composto por Samuel Karmel, Carla dal Forno e Tarquin Manek, figuras com franca actividade nos meandros mais enevoados da cena australiana. Partindo da bruma lo-fi que caracteriza os Tarcar – duo de Forno e Manek – para a descarnar de qualquer aprumo mais poppy, os F ingers assumem o fantasma da canção como via em si mesmo, numa espécie de sonambulismo sob o qual palpita uma tensão latente. Aquela sensação de insegurança que permeia aqueles momentos em que não se passa nada. Mentalidade slasher.

Criadas com recurso a uma instrumentação pobre – guitarra e teclados roufenhos – as músicas dos F ingers são assombradas por uma voz incorpórea que vai gravitando sobre os acordes dolentes numa versão no budget do ambiente desolador de Marble Index da Nico, alimentada por memórias carcomidas da falsa pacatez suburbana, em linha de contacto com os momentos mais impenetráveis de Grouper, Inca Ore ou Raum, quando toda a esperança já desapareceu. BS

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