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Música
Concertos

Dead Combo

— 4 noites, 4 discos

qui12.12.1322:00
sex13.12.1322:00
sáb14.12.1322:00
dom15.12.1322:00
Galeria Zé dos Bois


Dia 12: ‘Vol 1’
Dia 13: ‘Vol 2 – Quando a alma não é pequena’
Dia 14: ‘Lusitânia Playboys’
Dia 15: ‘Lisboa Mulata’

De onde vieram os Dead Combo? Esta é uma pergunta que sobrevive aos quatro discos do duo português. E não é fácil gizar uma resposta convincente. Porventura, nem existe. Mas a vontade de a encontrar é inelutável. Tente-se, pois então. Pedro Gonçalves e Tó Trips vieram dos anos 1990, ainda crentes na beleza soberana da guitarra eléctrica. Recrearam-se numa multitude de referências e imaginários, mas não eram revivalistas. Parafraseando Kristin Hersh, criaram o seu próprio mundo, algures entre o passado e o futuro, nesse espaço de trabalho e imaginação que se chama “garagem”. Nada de confusões, nunca emulam géneros ou clichés (esclareça-se nunca foram uma “banda de garagem”). Estiveram sempre mais interessados em inventar um universo musical, por via da mistura, da reunião de sons, de imagens, apropriando-se de geografias distantes mas familiares: o Tejo e Lisboa, a Europa e o Mediterrâneo, os westerns de Morricone, o Arizona dos Giant Sand, as paisagens de Jim Jarmusch e Ry Cooder. E, mais recentemente, o calor das mornas de Cabo Verde.
Não foi imediata esta invenção. Teceu-se disco a disco, durante sete, oito anos, entre concertos, colaborações, e uma vivência de Lisboa que deu origem a pequenas crónicas musicais, como “Tejo Walking”, “Putos a roubar maçãs”, “A menina dança?” ou “Estendal na Afurada”. Sim, a música dos Dead Combo, pese embora a ausência de letras e (com muito poucas excepções) da voz, nunca deixou de cantar Lisboa nos lamentos da guitarra portuguesa e na melancolia luminosa e dorida do contrabaixo e da harmónica. Obviamente tratava-se, também, de uma Lisboa efabulada, enfeitiçada pelos westerns, pelo film-noir, pelas imagens do México ou de Chinatown, pelo tango, pelas noites de todas as cidades, pela mais nobre e orgulhosa cultura popular. Se “O que diz Molero”, de Dinis Machado tem um espírito, ele atravessa e esconde-se, por vezes, na música dos Dead Combo.
Dead Combo: o nome não é dos mais simpáticos. Sugere uma ameaça misteriosa, um perigo difuso que se exalta nos riffs de “Viúva Negra” e de “Cacto” ou na velocidade dos acordes de “Fuga em correria menor”. Porque existe uma filiação confessada de Tó Trips e Pedro Gonçalves no rock and roll, como também existiu nos dEUS, nos Morphine, em Barry Adamson, nos Cramps, nos Bad Seeds, nos Calexico, nos Gallon Drunk. Os Dead Combo pertencem a esta família de inadaptados, de dissidentes que só reconhecem fidelidade à musica que vão descobrindo e fazendo. Ver e ouvir, nas próximas quatro noites, o duo lisboeta será, por isso, revisitar em tempo real uma história, não apenas os discos que já nos deixaram. Sim, é verdade que vão tocar na íntegra ‘Vol I’, ‘.Vol II – Quando a alma não é pequena’, ‘Lusitânia Playboys’ e ‘Lisboa Mulata’. Mas vão sobretudo tocar os Dead Combo: uma das bandas mais belas que esta cidade, tão bonita, agora tão desconsolada, viu nascer. JM

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