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Dreamcrusher ⟡ Kill Alters [CANCELADO]

Galeria Zé do Bois


Dreamcrusher ©Max Branigan
Kill Alters

Dreamcrusher

Algures em 2013, ainda na ressaca de período de maior exposição do noise por via de nomes por Wolf Eyes, Dalek, Ron Morelli, Growing ou Black Dice, Incinerator posicionou-se como avis rara num cenário já de si em maravilhosa ebulição. Luwayne Glass projectou em Dreamcrusher uma realidade desdobrada, cuja veia celebratória adjacente ao rave se rodeava em espessas pinceladas de interferências eletrizantes. Artista não-binário, de passado punk e genial maquinista de serviço, acrescentou uma identidade necessária – e se calhar até inevitável – nesse pedaço temporal tão mutante. Apesar da imponência industrial de Incinerator, o álbum surpreende por se permitir a uma curtição constante. De certa forma, revelaria logo aí uma série de gente bem mais atual cuja visão tão bem se orienta por semelhantes meios.

Com um extenso corpo criativo, maioritariamente registado em fita magnética, Dreamcrusher chegou ao catálogo da bizarria néon-pop da Hausu Mountain com uma pastilha iconoclasta chamada Suicide Deluxe. Quase-canções saturadas de cor que dificilmente faziam prever a chegada seguinte da mixtape Another Country. Aí, Glass levaria consigo uma simbologia críptica, entre batidas arrastadas, guitarras e vocalizações recortadas nesse brilhante documento de apenas uma centena de cópias físicas. Doces e simultaneamente ácidas, as suas produções confundem a liberdade do sonho com o medo do pesadelo. Surrealista inconformado cuja perdurável indagação pelo insólito fá-lo ser uma figura sem-par. O mundo poderá estar em chamas, mas que haja espaço uma última dança.

Em anos mais recentes, Dreamcrusher figurou em dois documentários, um deles produzidos pelo canal PBS, e assinou um banger absoluto ao lado de Backxwash (a convite da Adult Swim). Oportunidade rara de testemunhar uma pequena lenda dos meandros que realmente interessam. NA

Kill Alters

A banda Kill Alters, sediada em Nova Iorque, existe na intersecção entre o rock com infusão de eletrónica, o hardcore digital, a experimentação de ruído mutante e o som incidental encontrado nas gravações familiares de décadas da líder e compositora Bonnie Baxter. A incorporação da voz da mãe de Baxter nas gravações dos seus arquivos pessoais serve como elemento central nas composições de Kill Alters, dando à sua música camadas adicionais de personalidade e memória emocional e tecendo uma história de nostalgia da primeira infância com catarse e redenção.

A compositora e produtora Bonnie Baxter lidera a banda com as suas performances vocais apaixonadas, batidas de máquina de tambor e picos de sintetização caótica. Nicos Kennedy é o coprodutor, misturador e engenheiro de som do projeto. Baxter e Kennedy começaram o projeto Kill Alters como uma saída para descontextualizar o áudio das cassetes arquivadas. O cuidado e a vulnerabilidade com que os Kill Alters infundem a sua música com estas gravações de arquivo reformulam o trauma e a confusão nelas documentados como uma fonte da qual se pode retirar poder e alcançar um novo sentido de clareza. Hisham Bharoocha (antigo membro dos seminais projectos norte-americanos Black Dice e Lightening Bolt e artista a solo sob o nome Soft Circle) oferece a sua assinatura de baterista, que colide com elementos de percussão eletrónica para animar as composições balísticas da banda, tanto em disco como no contexto dos seus espectáculos ao vivo.

Enquanto a sua música surge frequentemente com momentos de desfiguração textural e de sobreposição de batidas, Kill Alters encapsulam a soma total do seu clamor em estruturas de canções que se assemelham a algo como música pop e punk mutante.

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