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Música
Concertos

Erika de Casier

— ZDB no Lux Frágil

sex29.04.2222:30
Lux Frágil


© Dennis Morton

Sade contemporânea? Assim se faz ouvir Erika de Casier nos primeiros segundos de “Polite”, segundo tema de “Sensational”, editado no ano passado pela 4AD. Sente-se como um dos álbuns mais arrojados, frescos e inovadores que a editora lançou em tempos recentes, a música de Erika é R&B que se encontra na fusão de vários géneros e influências (Sade, Janet Jackson, Amerie, jazz, soul, techno, garage), que adopta ideias da electrónica mais vanguardista dos últimos quinze anos, descodificando-a para ser ouvida como pop, com um pé no futuro. Escreve, produz e canta, isso faz com que ao ouvir as canções se perceba que ela conhece os cantos à casa: tudo bate no sítio certo, os beats deslizam com direcção e a voz regula com naturalidade a temperatura. Ambos coexistem num permanente jogo de sedução.

Nascida em Portugal no final dos anos 1980, filha de mãe belga e pai cabo-verdiano, mudou-se com a família para a Dinamarca ainda na infância, entre Aarhus e Copenhaga. Apareceu em meados da década passada, em projectos como Saint Cava e Regelbau, mas foi “Essentials”, em 2019, compilação que reunia temas que havia editado digitalmente nos anos anteriores, que captou a atenção. Primeiro a voz, depois o modo com os instrumentais não estagnam em ideias ou fórmulas, assumindo por inteiro o acordo com a ideia de pop e melodia. Com o tempo foi aperfeiçoando esse talento, enriquecendo o esqueleto das canções, as suas camadas e doseando a voz como uma onda que as percorre.

Em “Sensational” ouve-se a sua voz como um feitiço. Se o álbum de 2021 é, ou foi, o primeiro contacto com a música de Erika de Casier, é natural que a surpresa seja muito, mas também instantânea. Está cheio de hits, “Drama”, a já mencionada “Polite”, “No Butterflies, No Nothing”, “Better Than That”, “All You Talk About”, “Friendy”, “Busy” ou “Call Me Anytime”. É difícil parar de escolher. Menos difícil é ficar encantado com a música de Erika de Casier, estrela em ascensão no R&B contemporâneo, uma Sade com pele de millennial, sem invenções e com um futuro que só pode – tem de ser – radioso. AS

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