O conjunto de trabalhos presentes na Galeria Zé dos Bois, todos muito recentes, demonstram mais uma vez o trabalho de comentário distanciado que Gonçalo Pena tem vindo a materializar sobre o estilo na pintura na sua relação com o conceito numa postura que deve tanto à do produtor/fazedor como à do historiador ou colecionista. Esta exposição insere-se portanto naquilo que tem vindo a ser trabalhado como uma reflexão sobre a produção geral da pintura como sistema de significação ou “linguagem” na sua relação com outros sistemas. Estes são os da própria historicização do poético, o de uma economia presente do imaginário, o sistema das artes visuais no seu todo e por fim daquilo a que poderíamos chamar de investigação (a querer ser combate) sobre a gramática da produção geral de imagens-conceito, a fábrica dos sistemas sociais que se autoproduzem apesar de e em permanente tensão com a ficção política.
AP