A exposição que João Simões (Luanda, 1971) agora apresenta na Galeria Zé dos Bois marca o seu regresso ao circuito expositivo português depois de quase duas décadas de périplo internacional. Ao contrário do que se poderia esperar, contudo, não se trata aqui de um regresso apoteótico. Esta não é a exposição onde vamos encontrar João Simões como nunca o vimos, reinventado na sua prática artística, apresentando um vasto conjunto de obras onde poderemos finalmente aferir as inúmeras inflexões que o seu trabalho conheceu nestes anos de circulação no exterior. Bem pelo contrário: esta é uma exposição onde encontramos o trabalho de João Simões na sua versão mais concentrada, despojada e económica. Na verdade, esta é uma exposição de uma peça só. Nela, reconhecemos a toada analítica e conceptual a que o artista nos habituou desde meados da década de 1990 mas, desta feita, ancorada num fenómeno peculiar: na casualidade surpreendente de encontrar um conjunto particular de frutos e de estabelecer entre eles um universo de relações onde se questionam as noções de vazio e de progressão, de medida e infinito, de sugestão e presença, de busca e invenção, de potência e contenção, de acaso e trabalho – todas elas chamando a atenção para o modo como a matriz binária do nosso conhecimento produz uma sociedade maniqueísta que lida com o mesmo nível de desconfiança e de fascínio para o desvio, para o raro, para o incomum.
Exposição individual de João Simões
Quarta a Sábado
das 18h às 22h00
João Simões
João Simões (Luanda, 1971) estudou arquitectura em Lisboa, Milão e Paris e, sob a orientação de Ignasi de Solà Morales, termina o Mestrado em arte e arquitectura como bolseiro do CCCB/UPC, em Barcelona (1999). Como bolseiro da Fundação Calouste Gulbekian e da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, frequenta o ISCP-International Studio and Curatorial Program em Nova Iorque (2004) e, mais tarde, o PointB, também em Nova Iorque, como bolseiro do Instituto Camões. Trabalhou com Michelangelo Pistoletto no AZ W-Architekturzentrum Wien no âmbito do Progetto Arte, apresentado na Documenta X, e, a convite de David Medalla, expôs no Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris (1996). A sua obra e as suas exposições têm sido referenciadas em revistas internacionais como Artforum, Flash Art e Frieze. Paulo José Miranda (primeiro Prémio Saramago) escreveu o ensaio “Da Matéria” (2004) e Julia Robinson (NYU, NYC) e Julian Myers-Szupinska (CCoA, CA e Exhibitionist) textos críticos sobre a sua produção. Em 2011 ganhou o Metamatic Research Initiative, atribuído pela Fundação Holandesa All Art Initiatives e, em 2012, integrou o conjunto de arquitectos que representaram Portugal na Bienal de Veneza de Arquitectura. No mesmo ano, expôs o seu trabalho de vídeo no Jean Tinguely Museum, em Basileia, Suíça. Professor convidado na École Nationale Supérieure du Paysage, Versailles, França; ESAD, Caldas da Rainha, Portugal; Accademia di Belle Arte S. Giulia, Brescia e Facoltà di Architettura di Milano, Italia. A convite de Yehuda Safran, foi conferencista na Columbia University (AARieL) e Cornell University (AAP), ambas em Nova Iorque, cidade onde apresenta regularmente o seu trabalho na Fundação Emily Harvey. Actualmente, vive em Lisboa.
das 18h às 22h00