ZDB

Artes Performativas
Performance

Go John de Guilherme Garrido & A peça Vermelha de Lígia Soares

13.05 — 14.05.11 21:30
NEGÓCIO Rua de O Século nº9 porta 5, Lisboa


Porque promover a criação, a experimentação e a inovação nas artes performativas, passa naturalmente, por divulgar e fomentar o conhecimento de obras contemporâneas recentes, nos dias 13 e 14 de Maio, o NEGÓCIO acolhe uma sessão dupla constituída por solos dos coreógrafos portugueses Guilherme Garrido e Lígia Soares.

Uma conversa informal após as apresentações propõe pensar o modo como se organizam e constroem os discursos artísticos destes dois criadores.


GO JOHN
de Guilherme Garrido
“Interessa-me pesquisar a liberdade de estar em palco, tentar descobrir como traduzir performativamente o que sinto e como o sinto, como o partilhar e que efeito pode criar nos outros.
Acredito numa política de sentimentos, onde as minhas emoções e motivações são matéria-prima, são pontos de partida, caminhos percorridos e pontos de chegada.
Não procuro necessariamente uma dramaturgia linear, quero poder aplicar ao trabalho diferentes recursos e formas de expressão, brincar cronologicamente com o que se passou e se passa agora, criar espaços para que uma composição espontânea possa emergir e assim estabelecer relações directas com a realidade circundante. Com isto procuro liberdade, uma liberdade, “A” liberdade do “ser” e “estar”, comigo, com os outros, com aquilo que me rodeia e me espera, e com tudo aquilo que eu não esperava.
É sob um formato de “one man show’ que o trabalho se desenrola, é sob essa forma que abordo a questão da fragilidade das relações, da necessidade de cuidar das mesmas como se de uma planta se tratasse. Temos de a regar, pôr ao sol, falar com ela se queremos que esta se mantenha vigorosa. É necessário saber onde e quando se deve podar para que ela cresça no seu tempo e espaço.
Assim como uma relação se constrói a dois ou mais, também o processo de uma performance é alimentado por várias bocas e tem de ir beber a várias fontes.
Somos contadores de histórias por natureza. O Ser Humano sempre teve a necessidade de contar os seus feitos e defeitos, de exagerar e tornar melodramático o mais singelo dos gestos, de viver para contar e contar para existir.”

Guilherme Garrido

Apoios à criação: Residências no Edifício, O Espaço do Tempo, O Rumo do Fumo, Alkantara (PT), CAMPO (BE) e BUDA Kunsten Centrum (BE)
Tertúlia artística: Laura Lamas, Rita Natálio, António Pedro Lopes, Lígia Soares, Pieter Ampe, Hélder Sousa, Rita João Almiro e Ana Riscado.

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A PEÇA VERMELHA
de Lígia Soares


“Se eu quisesse fazer uma peça começava por anunciar que ia fazer uma peça, depois anunciava-me a mim como autora dessa peça. Não lhe dava logo nome e fazia-a de uma só vez, sem pensar. Porque pensar atrasa a compreensão das coisas profundas. A profundidade é silenciosa ou, por vezes, há música, mas principalmente silenciosa. Desgostosa porque não está ao de cima, como as outras coisas que vemos ao de cima. Não, a profundidade está sempre por baixo, atrás, sem tona. E também não se vê. Não sai, não se integra.
Por isso se quisesse eventualmente fazer uma peça profunda, não a mostrava, ou mesmo não a faria. Já que as peças para serem feitas têm de vir ao de cima, parar-nos às mãos. Ah…e serem vistas, têm de ser vistas, e quanto mais vistas mais vistas são. E quanto mais vistosas mais vistas serão. E quanto mais gostosas mais comidas então. Uma peça até pode ser profunda se for gostosa e logo depois comida. Senão estraga-se.
Então e o espectáculo? O espectáculo deve ser difícil à partida, mas só como um choque inicial, que acorde os músculos, que acorde a sensibilidade, que desperte a atenção, o olhar, que acorde o pensamento…
E depois?
Depois: A aproximação do belo homem à bela mulher ao som da Internacional.”

Lígia Soares

Produção Máquina Agradável Apoios à criação: O Espaço do Tempo, Centre National de la Danse (Paris)Colaboradores: Andresa Soares, Eduard Gabia, Emilian Gatsov, Guilherme Garrido e João Nicolau.A Máquina Agradável é uma estrutura financiada pela DGArtes/Ministério da Cultura

Guilherme Garrido

Guilherme Garrido tem formação em Dança e Artes Visuais. Interessa-se pela performance e pela capacidade de traduzir a história pessoal para o palco. O seu trabalho contém sempre um humor subversivo. Ocupa-se com a forma como o corpo e o movimento podem dar associações de filmes, figuras heróicas, shows ou concertos de rock. Simultaneamente está interessado em entrelaçar a fragilidade e intimidade dos relacionamentos em palco. Partilhou com Alberto Magno a curadoria de “Show Rooms” (mostra de jovens coreógrafos – 2007 a 2009) no festival “Da Fábrica” (Porto). No verão de 2008, com António Pedro Lopes e Jean-Marc Adolphe, foi co-director artístico do projecto Skite / Sweet and Tender Collaborations Porto.
Como bailarino trabalhou para Maria Clara Villa-Lobos, em “Super!” (BE), Ibrahim Quraishi, “My Private Himalaya” (EUA / NL) e Tommy Noonan / PVC Stadttheater Freiburg em ” Tout Court ” (G ).
Enquanto coreógrafo criou a peça “Still Difficult Duet” – em colaboração com Pieter Ampe circula por toda a Europa, desde 2007. Em 2008, iniciou, com António Pedro Lopes, o projecto “I WANT MORE FANS YOU WANT MORE STAGE” (work in progress). Com Mia Habib, criou o dueto ” – a couple dance, estreado em 2009 na Danshus de Oslo, Noruega, apresentando-o também na Cidade do México- Fórum Prisma.
Em 2010, de novo com Pieter Ampe, criou o dueto “Still Standing You”, produzido pelo CAMPO em Gent, Bélgica.Com António Pedro Lopes e Anja Mueller, tem uma banda chamada The Sing Songs.O presente solo foi apresentado informalmente no espaço Alkantara (Lisboa) em Janeiro de 2011 e estreou em Fevereiro no Kunstencentrum BUDA, Kortrijk, Bélgica | Fresh Festival.

Lígia Soares

Lígia Soares tem formação em dança pela Escola Superior de Dança de Lisboa.
Começou o seu trabalho em performance em 1997 enquanto actriz na Companhia de Teatro Senssurround (Lisboa). Desde 1999 que desenvolve projectos de sua autoria ou em colaboração com outros criadores onde relaciona a sua formação de dança e de teatro, destacando “Pele”, 1999”, “The End And Then”, 2004, “Birds and Wind”, 2008, “The Giant Women Present The Greatest Show in Town”, 2009, entre outros.
Em 2001 fundou a Associação Cultural Máquina Agradável em Lisboa, através da qual tem produzido os seus trabalhos.
Tem trabalhado regularmente em colaboração com a sua irmã gémea – Andresa Soares-, apresentando uma série de peças sob o mesmo formato: dois solos acontecendo ao mesmo tempo no mesmo lugar.
Em 2004/05 e pelo período de um ano, esteve em residência artística em Tanzfabrik-Berlin, com bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Neste contexto apresentou “At The Origins of The Crisis”, 2005 (Berlim/Lisboa), “Vital Curriculum“, 2004, (Berlim), “The Natural Disorder of Things” , 2004, Berlim.
Em 2008 foi bolseira do programa DanceWeb em Viena através da qual trabalhou com artistas como Jonathan Borrows, Suzanne Linke, Penny Arcade e Keith Henessy. Participou em vários laboratórios de investigação artística como Capitals, TKH- Walking Theory (SV), PRACTICE (AL) e Nomadlab Dance Academy.

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