Jon Porras, nome que conhecemos de Barn Owl, e Greg Kowalsky, que militou nos Date Palms, podem, por um par de horas, oferecer na ZDB a entrada para um portal sónico alternativo, para um lugar feito de pulsares e frequências, de melodias suspensas e timbres, que permita escapar a essa realidade mais… dura ou obtusa. Em comum, além de uma militante colaboração na super-estrutura da zona de São Francisco conhecida como Portraits – em que, além dos Barn Owl e dos Date Palms se cruzou gente como Jeffre Cantu-Ledesma, Lisa McGee ou Maxwell Croy (artistas ligados a etiquetas como a Root Strata ou Type) -, Porras e Kowalski têm um passado em que trabalharam, em paralelo, no formato de duo. Jon Porras integrou, com Evan Caminiti, os Barn Owl, fonte de drones psicadélicos infinitos que verteu vários álbuns entre 2007 e 2013 em editoras como a Thrill Jockey; Já Greg Kowalsky investigou, ao lado de Marielle Jakobsons, caminhos conotados com a cena neo-folk e a new weird America, lançando, também na Thrill Jockey, em 2013, um trabalho de título The Dusted Sessions que já apontava para uma depuração ambiental.
A solo, Jon Porras inscreveu trabalhos nos catálogos da Root Strata, Immune, Thrill Jockey e, já em 2017, da Geographic North: Tokonoma confirma uma nova devoção de Porras, que trocou a guitarra pelos sintetizadores, neste caso até o icónico DX7 da Yamaha, ferramenta fundamental em inúmeros exercícios de exploração ambiental da década de 80n em diante. A sua música é bastas vezes descrita como contemplativa, serena, orgânica e faz uso de algoritmos para reflectir sobre o próprio acto de compor na era da vertigem informativa. O resultado é de uma beleza profunda e preenche um espaço singular para onde é possível, de facto, derivar escapando de uma realidade feita de sons bem diferentes.