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Música
Concertos

Hayden Pedigo ⟡ José Rego

qua21.02.2422:00
Galeria Zé dos Bois


Hayden Pedigo ©Angelo Isaac
Zé Alho ©Nuno Alex

Hayden Pedigo

Decalcando mais ou menos aquilo que escrevemos aquando da passagem de Gwenifer Raymond por esta casa e volvidos agora 64 anos desde a edição de Blind Joe Death e 22 desde a partida de John Fahey, o espectro da American Primitive Guitar como postulada pelo Mestre e propagado pela sua Takoma continua a assombrar de forma beatífica formas e abordagens que lhe garantem uma contínua vitalidade. De contemporâneos de Fahey como Leo Kotke ou Robbie Basho, avançado para a geração de gente como Jack Rose, Glenn Jones ou Steffen Basho-Junghans, até nomes mais recentes como Marisa Anderson ou James Blackshaw, a variedade de soluções e histórias apregoadas apresenta-se ainda relevante e capaz de reinvenção no corpo e no espírito. De entre nomes do agora, Hayden Pedigo aparece-nos como um dos mais fundamentais para a sua perpetuação.

Persona curiosa que ganhou especial notoriedade nos media americanos aquando da sua candidatura para um lugar no City Council na sua terra natal de Amarillo aos 24 anos, sendo a sua campanha surreal até alvo de um documentário chamado Kid Candidate, em 2021, Pedigo destaca-se como um carismático excêntrico no seio de um “género” pautado pela sobriedade. Dotado de um sentido de humor peculiar, notório nos seus vídeos, fotos e artwork, Pedigo debutou, em 2013, com Seven Years Late, revelando uma música devedora de mestres passados, mas à procura de uma linguagem própria, numa deriva lo-fi pelos grandes espaços americanos por entre um fingerpicking hesitante, órgãos degradados e um sentimento de irresolução. Passada uma década, com cinco álbuns pelo meio, entre os quais Five Steps – onde contou com a colaboração de alguns dos seus heróis como Charles Hayward dos This Heat, Fred Frith ou “Zappi” Diermeier dos Faust – ou o celebrado Letting Go, Pedigo dá passo seguro na sua afirmação com The Happiest Times I’ve Ever Ignored. Com título sacado a uma nota deixada num quarto de hotel por Doug Kenney, co-fundador da National Lampoon, e encontrada após a sua morte, este segundo disco na Mexican Summer descarta definitivamente tudo aquilo que poderia haver de tentativo em investidas anteriores para se revelar em sete temas resplandecentes, feitos de harmonias que se vão desdobrando a um tempo pausado, com a calma que estas coisas pedem, revolvendo em torno de uma determinada ideia sem pressas nem demonstrações de virtuosismo estéril. Plenas na sua honestidade. BS

José Rego

Da introspecção à descoberta fora de si, e no contraste entre a cidade e o campo, é assim que José Rego, compositor e guitarrista Alentejano baseado em Lisboa, se estreia a solo com “Cidade dos Lobos”. Um EP que tem como base a sua guitarra acústica, apresenta-se muito mais que isso. Um diálogo entre o instrumento de nylon que produz som e a máquina que manipula a forma do som, na busca pela harmonia entre o sintético e o natural, a máquina e a natureza, o limite do instrumento que cria som e a infinidade de cores que a máquina consegue criar.

Neste caos disciplinado inspirado entre o Alentejo e a cidade bem como pela troca de vivências no mundo da música Portuguesa, Rego apresenta 6 faixas que fustigam o ouvinte a perpetrar memórias ou a sonhar acordado.

Produzido por João Galvão (sonoplasta que acompanha José Rego em palco) e José Assunção (que dedicou horas extra a gravar as guitarras), este é um projecto que se vê interdisciplinar e explorador do encontro das artes. O primeiro passo nesse sentido foi a apresentação na ZDB no passado dia 4 de Fevereiro, onde se testemunhou um cruzamento com a sonoplastia de João Galvão.

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