Numa matiné, em Novembro de 2022, depois de um punhado de concertos por Espanha, os Hetta voltaram à sua terra, o Montijo, e partilharam o palco da Sociedade Filarmónica 1.º de Dezembro com os conterrâneos Linger, com os Hisou e com os Putas Bêbadas. Isto interessa-nos porque o seu EP de estreia, Headlights (lançado em Maio de ‘22) foi gravado no estúdio da Cafetra, no Bairro Alto, por Leonardo Bindilatti e Miguel Abras (respectivamente, o baterista e o vocalista-baixista de Putas), e é nesse estúdio que o baixista de Hetta, Simão Simões, costuma ensaiar com a banda de Maria Reis (onde é também baixista) e com o Pedro Sousa nas suas colaborações exploratórias em duo. Além desta relação com o Bairro Alto, quando o festival Rescaldo os trouxe à ZDB, destacou uma “triangulação” dos Hetta com Nova Iorque e Tóquio, referindo-se à sua afiliação no pós-hardcore global, algo que, aliás, já vinha anunciado nos Nagasaki Skateboarding (2014-2017), banda que incluía o baterista e o guitarrista de Hetta, João Portalegre e João Pires. Segundo o festival A Colina de 2021, os Hetta conseguiram partir do math-rock, do screamo e de outros subgéneros “demasiado intelectualizados” para chegar a algo “puro e violento”: os constantes pára-arrancas e esfacelamentos corrosivos, aliados ao facto do vocalista, Alex Domingos, se aventurar insistentemente a entrar pelo público adentro, dá a sensação de que o perigo está iminente; na verdade, na última vez que tocaram na ZDB, assistimos ao mosh pit mais agressivo do Aquário pós-pandémico. AR
