ZDB

Música
Concertos

Hidden Horse ⟡ Clothilde ⟡ Candy Diaz & Kyron

qui14.09.2322:00
Galeria Zé do Bois


Hidden Horse
Clothilde

Na música dos Hidden Horse habita um certo prenúncio pós-apocalíptico. Talvez pelas cores que a música enuncia, ou a sensação de que se está a viver numa qualquer realidade filmada em CCTV. Apesar disto, é difícil de dizer que a música do duo formado por João Kyron (teclas/electrónica) e Tony Watts (bateria) seja pessimista ou um reflexo de um qualquer cataclismo anunciado. Não, e talvez aí aconteça a diferença de criar música de formação hauntology numa cidade como Lisboa: a sensação, os fantasmas, estão lá, mas a pressão de um céu cinzento a cair-nos em cima não; continua a existir tensão, pressão, mas há mais uma sensação de ruína do que tudo a ruir. A diferença é notória. É música que não nos pesa nem nos ombros nem na cabeça. Faz-nos dançar.

Depois de “Opala” (2022), os Hidden Horse apresentam na ZDB o seu novo trabalho, “Incorporeal”. Dia de lançamento e de realização de mais de um ano de trabalho, em que Kyron e Watts foram percebendo de como poderiam trazer as dinâmicas ao vivo, de quando interpretavam os temas de “Opala” em concertos, para o estúdio. “Incorporeal” sente-se mais livre, o som respira, as influências do passado – krautrock e industrial – são agora assimilações abertas, menos apegadas à forma e com maior vontade de criar sensações. A imaterialidade a que o título alude não é apenas dos temores que associamos ao mundo da hauntology, do futuro que nunca poderemos realizar, mas também às sensações de que a música dos Hidden Horse faz sentir no presente: querendo descolar das primeiras impressões, indo para outros voos.

Ao vivo tornam-se um trio, com Ana Farinha (Candy Diaz) a ajudar na transformação do som preciso de estúdio para um acontecimento muito orgânico, que permite que Kyron e Watts também se soltem e possam partir para locais próximos do cosmos do krautrock. AS

Clothilde

Em qualquer conversa com Clothilde sobre a sua música, surge com recorrência a expressão “as minhas máquinas”. Refere-se à maquinaria que Zé Diogo, o seu parceiro, constrói de raiz para Clothilde criar as suas ambiências únicas. Na voz de Clothilde, “as minhas máquinas” ganham um novo sentido, o tom, as pausas, descrevem uma empatia única com elas, em simultâneo fica a sensação de que Clothilde e elas – as máquinas – são um ser único que, quando em funcionamento, se deixam dominar por uma certa imprevisibilidade do momento. Ambos sabem como e para onde ir, mas as formas e cores para se lá chegar parecem ser sempre desconhecidas. E é nesse vazio de resposta que Clothilde e as suas máquinas modelares aperfeiçoam o lado primitivo da exploração e criação na electrónica, trabalhando a sensibilidade e a curiosidade do ouvinte. “Twitcher” (Labareda, 2018) e “Os Princípios do Novo Homem” (Holuzam, 2021) oferecem coordenadas para a intensidade da procura da realidade de Clothilde: som puro, orgânico e claro.

CANDY DIAZ & KYRON

Fieis aos desígnios da psicadelia, CANDY DIAZ & KYRON perspectivam um mundo sem restrições fronteiriças, sem tempo nem espaço, viajando portanto em variadíssimas latitudes. Excursões à volta do krautrock, no wave e post-punk, com atenção redobrada no eixo África-Brasil, descargas latinas e deambulações pelo oriente, para assim observar um todo com exímio conhecimento das partes.
Directamente das clareiras oníricas, podem-se igualmente esperar passeios pela library music, electrónica contemporânea e brincadeiras com a spoken word. A liberdade da escolha musical aliada à liberdade dos corpos que dançam fazem desta apresentação uma viagem vibrante e ziguezagueante.

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