A firmeza e a maturidade irreverente dos Jacuzzi Boys não se apresentam de forma desleal, as cantigas prendem-se por acordes eléctricos, preenchidos de fuzz e assentes nos riffs salpicados pelo Atlântico. É como água do mar, que se agita, é como água do mar, que se esgueira levemente até alcançar areia. Aguenta-se pelo meio de calmaria marítima e parte-se como uma lancha no Mar das Caraíbas. Prosseguem frenéticos, surfam ondas infindáveis até enterrar a prancha na areia. Enquanto os nossos ouvidos se distraíam com os californianos Ty Segall e Meatbodies, em Miami, os Jacuzzi Boys quebravam os estereótipos da insurreição surfista na costa Leste. Gabriel Alcala (guitarra), Danny Gonzalez (Baixo) e Diego Monasteri (bateria) são produto do século XXI com os ouvidos postos no underground do passado. E, de facto, deixar este trio de miúdos entrar pela nossa casa adentro, é permitir que se faça throwback ao garage rock, e é puro revivalismo 60’s dos Kinks ou The Wild Cherries.
Em 2009, os Jacuzzi Boys surgiram alegres, de felicidade desmensurada, quase descontrolada pela sujidade do garage e através da editora que fundaram – “Asshole Blues”, faixa de Iggy Pop, lançada no ano passado, levou estampada o selo da MAG MAG. No Seasons (MAG MAG, 2009) decretou impetuosidade fuzzadélica, embora desbote juventude, impõe-se pelo headbang veloz e esbarra-se na electricidade dos instrumentos. Cresceram, tornaram-se jovens adultos, experientes, contudo, sem abandonar a rebeldia retratada em Glazin’ (Hardly Art, 2011) e por sua vez, no homónimo, Jacuzzi Boys (Hardly Art, 2013). Um encontro com Jonathan Nunez, dos Torche, levou-o até à cadeira de produtor no EP, Happy Damage (MAG MAG, 2015), uma compilação de seis faixas sustentadas por rock enérgico e imparável. O mais recente disco, Ping Pong (2016) volta à edição DIY, acrescenta ondulações pop e até puxa as barbas à sabedoria punk dos Ramones. Assim vão consolidando um percurso e fixam-se por agora, na extensa, mas bonita família da Burger Records, ao lado dos Kikagaku Moyo, Jacco Gardner, entre outros.
É neste exímio cruzamento de vertentes rock que somos convidados a entrar, uma jornada sem salva-vidas que terá como destino a estreia em Portugal e na ZDB, onde se prevê agitação marítima e muitas ondas rock n’ roll para agarrar. JH