Cerca de um ano após a edição de “Tragedy”, o devido afastamento temporal apenas veio reforçar a posição do álbum como um dos capítulos mais intrigantes da feitura pop contemporânea. Possivelmente será um eterno ponto de retorno, a dita obra maior de Julia Holter; contudo, o mais recente “Ekstasis” tem revelado todo um lado de luminosidade impressionista até então mais resguardado, por opção. A complexidade da sua composição permanece atraente para quem a escuta, não tanto pela paisagem espectral definida anteriormente, mas pelo exotismo esotérico das suas canções ilustradas por referências possíveis a Laurie Anderson ou Kate Bush. Existe em si uma notória e saudável deambulação (ora bucólica, ora onírica) que a tem levado a outras vias de expressão. E essa característica é tão elementar na sua música como a vitalidade da melodia em cada espaço das suas criações. A pop será sempre pop, por mais voltas que possa dar.
Estreia absoluta por cá numa ocasião que retrata a fase de consolidação do percurso de Julia Holter e, muito provavelmente, simboliza uma nova viragem de resultados inesperados. NA