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Ken Vandermark & Fred Lonberg-Holm ⟡ Riccardo Dillon Wanke

ter12.05.1522:00
Galeria Zé dos Bois


Ken Vandermark
Fred Lonberg
Riccardi Dillon Wanke

Ken Vandermark & Fred Lonberg-Holm

Após uma celebrada passagem pela ZDB, em Março do ano passado, em duo com o enorme Paal Nilssen-Love, Ken Vandermark regressa a este espaço, que sempre tão bem o tem acolhido para novo encontro gémeo na companhia do violoncelista Fred Lonberg-Holm. Nova oportunidade, sempre tão imprevisível quanto gratificante, para testemunhar duas figuras maiores dos jazz e da música improvisada do agora, em rota de colisão benevolente, num fervilhar de ideias e sons possível apenas aos tenazes de espírito aberto.

Sobre Vandermark, escrevemos aquando dessa última passagem que se tratava de um “soprador com escola e coração” com uma abordagem ao saxofone capaz de equilibrar melodias de linhagem clássica – mas nunca de uma doutrina inflexível – e berraria implacável num mesmo fôlego. Passado um ano, e com discos como a banda sonora para Parallax Sound em colaboração com David Grubbs ou East by Northwest em duo com Nate Wooley pelo meio, apenas nos resta confirmar a sua posição de esteta, extravasando géneros e barreiras estilísticas, como se de uma segunda natureza se tratasse. O que muito possivelmente é mesmo verdade.

Sediado – tal como Vandermark – em Chicago, Fred Lonberg-Holm criou com esse primeiro uma relação de cumplicidade duradoura que se traduz na sua presença em bandas como o Vandermark 5 ou a Territory Band, além de fazerem ambos parte desse combo de sonho que é o Peter Brötzmann Tentet. Com uma carreira nos meandros do jazz que inclui também a filiação no trio de Joe Mcphee, Lonberg-Holm acumula também um percurso notável enquanto compositor – foi aluno de Anthony Braxton e Morton Feldman – com obras interpretadas por gente tão ilustre como William Winant ou Kevin Norton. Dono de um CV de colaborações impressionante que vai dos Wilco a Mats Gustaffson, passando pelos Flying Luttenbachers ou Jim O’Rourke, o seu contributo para os avanços do violoncelo fora dos cânones tradicionais tem sido decisivo, num caminho onde as melhores escolas de pensamento dão azo a formas verdadeiramente livres e exploratórias. BS

Riccardo Dillon Wanke

Com residência em Lisboa já há vários anos, o italiano Riccardo Dillon Wanke tem sido, com alguma discrição, uma das mais importantes figuras a operar no contínuo fervilhante da música exploratória e indefinível feita por estes lados. Trabalhando num campo aberto, onde a electrónica tem assumido um papel mais preponderante, mas no qual a guitarra, o piano e o rhodes têm também lugar, habituámo-nos a vê-lo colaborar com músicos como David Maranha, Rafael Toral ou Manuel Mota, sempre com o mesmo acervo e sensibilidade.

Muito recentemente editou na three:four o fascinante Cuts em nome próprio – juntando-se ao leque de músicos sediados em Portugal na editora suiça – Norberto Lobo, Filipe Felizardo e David Maranha e Helena Espvall. Disco que surge de anos de trabalho em torno da exploração vertical do som e com inspiração na obra de escritores como Roberto Bolaño ou Julio Cortazar, Cuts assume uma natureza insondável, de procura parcimoniosa e assertiva em torno de uma electrónica com ressonância emocional. Feito de texturas rítmicas, tímbricas e harmónicas que se vão enredando com elegância numa progressão envolvente, Cuts vai dispondo as suas peças em tangentes sucessivas que se concluem nessa mesma aura de eterna suspensão.

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