ZDB

Artes Performativas
Performance

L-O-V-E de Paula Diogo

15.07 — 18.07.15 21:30
NEGÓCIO Rua de O Século nº9 porta 5, Lisboa


“Eu amo-te não tem utilidade. Esta palavra, tal como a utiliza uma criança, é encarada sem qualquer constrangimento social; pode ser uma palavra sublime, solene, ligeira, pode ser uma palavra pornográfica. É uma palavra socialmente oscilante. Eu amo-te não tem cambiantes. Suprime as explicações, os arranjos, os graus, os escrúpulos. De certo modo – paradoxo exorbitante da linguagem, dizer eu amo-te é fazer como se não existisse qualquer teatro da palavra, como se esta palavra fosse sempre verdadeira (não há qualquer outro referente senão a sua proferição: é performativo). Eu amo-te não tem lugar. É a palavra da dualidade (maternal, apaixonada); nela, nenhuma distância, nenhuma deformidade vem dividir o signo; não é metáfora de nada. Eu amo-te não é uma frase, não transmite um sentido, mas prende-se a uma situação limite: “aquela em que o sujeito está suspenso numa relação especular com o outro.” É uma holofrase.”

Roland Barthes, in Fragmentos de um Discurso Amoroso

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L-O-V-E é um solo que tem como ponto de partida o livro “Fragmentos de um Discurso Amoroso” de Roland Barthes. Roubámos o título de uma canção imortalizada por Nat King Cole para falar de amor. O Amor é um dos temas mais abordados na Arte de todos os tempos. Na literatura, em particular, foram vários os autores que o exploraram, sobre os mais diversos aspectos. Na actualidade, o Amor passou a ser banalizado e marginalizado. Numa sociedade contemporânea de consumo imediato, a palavra passou a ser proscrita e foi encerrada no domínio da música pop e da telenovela e associada a estados emocionais adolescentes e ligeiros, como se fosse considerada um pensamento “de segunda” e não passível de ser sujeita a uma reflexão e análise profundas. Com este projecto, pretendemos recuperar a palavra (e o sentido) e colocá-la no centro da nossa reflexão. Entre a análise do estado e a elaboração do discurso, problematizar sobre o Amor é também problematizar sobre a questão da linguagem. Sobre as questões do desejo e da vontade associadas desde sempre ao acto criativo.



“É pois um apaixonado que fala e diz:”



Em L-O-V-E, todo o discurso se desenvolve numa zona de fronteira, num limbo de onde partem fragmentos, ecos de palavras. Algumas criaturas deixam esse limbo em direcção ao Paraíso, outras em direcção ao Inferno. Outras ainda permanecem encastradas neste espaço de fronteira. O Amor avassalador de Paolo e Francesca (Dante) que condena ao Inferno; aquele que pode salvar o ser amado e o que obriga Orfeu a uma prova desesperada; o Inferno do abandono vivido por Dido; a chama impetuosa e consumida num ápice que condena Romeu e Julieta; e aquele jamais consumado de Werther; mas também o Amor lançado numa vontade de emancipação que dá vida a Madame Bovary; aquele que alimenta o valor na batalha e leva Orlando à loucura… Na expectativa de articular um “discurso amoroso” usamos as mesmas ferramentas de Barthes e cruzamos pedaços de origens diversas, tentando fugir à tentação de um sentido.

O formato final será a criação de uma banda-sonora para aquilo que é a tentativa de verbalização de um sentimento.

Paula Diogo

Paula Diogo

Nasceu em Lisboa a 5 de Outubro de 1977. Bacharelato pela Escola Superior de Teatro e Cinema.
Frequentou o curso de Línguas e Literaturas Modernas – variante Português e Espanhol da Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Co-fundadora do colectivo Teatro Praga (1995/08), da TRUTA (2003/08) e da Produtora O Pato Profissional Lda em 2003. Até à data, trabalhou com os seguintes criadores e companhias: Antonio Catalano (IT/Casa degli Alfieri), Madalena Victorino e Giacomo Scalisi (PT), Nuno Carinhas (PT), Rogério de Carvalho (PT), Lúcia Sigalho e Sensurround (PT), Letizia Quintavala e Flavia Armenzoni (IT/ Teatro delle Briciolle), Antonio Latella (IT/Projecto Thierry Salmon/NTN), João Pedro Vaz/Assédio (PT), Teatro Meridional (PT), Teatro da Garagem (PT), Artistas Unidos (PT), Cão Solteiro (PT), Alexander Kelly (UK/Third Angel), Gonçalo Amorim (PT), Clementine Baert (FR), Martim Pedroso/Materiais Diversos (PT), NEC (PT), João Garcia Miguel (PT), Alain Fourneau/Les Bernardines (FR), Tiago Rodrigues/Mundo Perfeito (PT), Foguetes Maravilha (BR), Alfredo Martins/Teatro Meia Volta (PT), Pedro Lacerda (PT) e Mala Voadora (PT); trabalhou ainda com os realizadores: Filipe Melo, Paulo Simões, André Godinho, Simão Cayatte e Jacinto Lucas Pires.

Em 2004 foi distinguida pelo Clube Português de Artes e Ideias com o Prémio Teatro na Década-Melhor actriz pelo desempenho no espectáculo “Private Lives”, uma co-criação do Teatro Praga.
Em 2006 foi bolseira do Centro Nacional de Cultura trabalhando com o grupo Gob Squad (UK/DE) em Berlim; participou a convite de Rui Horta no COLINA-Colaboration in Arts, em Aarhus na Dinamarca; e ainda na Ecole de Mâitres – Projecto Thierry Salmon na qual conhece o encenador Antonio Latella, integrando o elenco dos espectáculos “Péricle” e “HLDopa”. Em 2007 frequentou o Curso de Encenação do Programa Criatividade e Criação Artística da Fundação Calouste Gulbenkian, dirigido pelo Companhia inglesa Third Angel; e criou e apresentou o dueto “Off The White” fruto da colaboração com Alexander Kelly/Third Angel.
Em 2008, a convite de   Mark Deputter participou nos Encontros Alkantara. Em 2009 foi uma das actrizes convidadas na apresentação em Lisboa de “L’éffect de Serge” de Philiphe Quesne e Vivarium Studio; e iniciou Má-Criação, uma label associada à Produtora O Pato Profissional dedicada a projectos colaborativos entre autores de diferentes nacionalidades na área da performance e teatro.

Em 2010 integrou o grupo de encenadores residentes da direcção artística de Antonio Latella no Nuovo Teatro Nuovo em Nápoles, Itália onde criou, em parceria com a dramaturga italiana Linda Dalisi, “Rosa Lux” e “Madame”. Em 2012 foi convidada no laboratório TRYANGLE em Dusseldorf organizado pelo Espaço do Tempo, Theatre des Bernardines e Tanzhaus (Dusseldorf); na sequência deste laboratório, em 2013, desenvolveu o projecto TryRomance em Dusseldorf, Marselha e Lisboa em parceria com Cláudia Gaiolas, Gui Garrido e Jan Machacek. Ainda em 2013 criou PODER com Mónica Calle e Sofia Dinger, a convite de Mark Depputer.
Neste momento continua a participar como intérprete e criadora em projectos de colaboração na área do teatro e performance em Portugal, França e Itália. Paralelamente, trabalha pontualmente como formadora em grupos universitários como o CITAC e GTN

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