Cada vez mais essencial para compreender o que de valioso se vai criando na pop de “vistas largas”, Laurel Halo tem edificado uma obra tão peculiar quanto acutilante. Irrepreensível enquanto exploradora de texturas e brilhante criadora de escapes sonoros, parece preservar, acima de tudo, essa eterna e difícil arte da canção. Contrariamente a outros autores contemporâneos, circunscritos a um laboro quase científico e até gélido, Halo recorre a uma multiplicidade de idiomas musicais guiados por busca intuitiva só possível a quem se entrega segundo uma noção genuína de experimentação – com todo o lado humano que isso acarreta. Uma via que se traduz em composições perdidas no espaço e no tempo, vaporosas e borbulhantes, de encontro à própria voz da artista e em direcção ao preenchimento emocional. Em vésperas de lançamento do seu álbum de estreia ‘Quarantine’, com o selo da Hyperdub (editora responsável por discos de Burial, Hype Williams ou King Britt), Laurel Halo regressa ao local que acolheu a sua estreia nacional para apresentar, em primeira mão, um dos discos que fará certamente parte da dieta musical deste 2012. Capítulo imperdível no acompanhamento, em tempo real, de uma carreira ainda curta mas definitivamente imensa. E a sensação de que tudo isto é apenas o início. NA
