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LEYA ⟡ Seán Being

seg26.09.2222:00
Galeria Zé dos Bois


LEYA ©crude_tapes
Seán Being

LEYA

Desde 2018 que o duo LEYA tem vindo a desenvolver um laboro artístico absolutamente enigmático. O encontro entre a harpista Marilu Donovan e o violinista Adam Markiewicz aconteceu após várias vidas por detrás de projectos ligados ao noise, punk e outras expressões de desafio sonoro e cultural. Abandonando a abordagem do conservatório musical onde adquiriram ditas competências técnicas, o que surgiu adiante foi uma viagem pessoal de um e outro que eventualmente conduziu ao surgimento de LEYA enquanto espécie de unidade criativa.

A criação de espaços imaginários e ambíguos surge aqui como meio essencial e não como mero fim; um meio quase ritualista até de dar forma a expressões puramente anímicas. Porque a música de LEYA vive desse estado além do real, as atonidades que escutamos, as melodias serpenteantes que se sentem e o silêncio que arde lentamente estes elementos torna-os um dos exemplos mais raros de música exploradora neste momento. Partilham do mesmo negrume sagrado e profano de Jarboe e Swans (na voz de Donovan) e evocam semelhante magia solitária de Jandek numa incessante busca esotérica por respostas.

Flood Dreams transformou-se em 2020 no disco que viria a trazer estas ideias e perspectivas mais presentes que nunca – e após um trabalho já de si encantatório chamado The Fool, trazendo participações de como Sunk Heaven, PC Worship ou Eartheater). Mas a natureza imprevisível e sempre mutante dos LEYA levou-os a regressar este ano para um seguinte capítulo. Eyeline começou algures em Novembro passado como esboço em formato mixtape durante uma digressão. À medida que ia formando corpo foram chamando consigo constelações dos nossos tempos como Actress, Claire Rousay, Martha Skye Murphy ou a supra-citada Eartheater, para conferir novas texturas e filamentos à matéria negra dos LEYA. O resultado é somente um dos álbuns mais inebriantes de 2022 – e ainda a merecer justiça que chegue a um público mais alargado. Lisboa é assim uma das cidades a receber a tour europeia que fará da ZDB pousio por uma noite imperdível. NA

Seán Being

Irlandês a residir atualmente na área de Lisboa, trata a pop segundo uma experimentação muito pessoal. Faux Window foi editado em 2021 e reúne um conjunto de sete canções que borbulham entre neo-romantismo digital e o tom confessional num viveiro de orquestrações esbaças, grão sonoro e o ritmo arrastado e ocasional cuja força maquinal esculpe espaço para voz. Seán Being traduz a inquietude da vida moderna por via de uma electrónica sedosa e invulgar. Uma belíssima surpresa. NA

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