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Música
Concertos

Lichens ⟡ Helena Espvall

sáb25.05.1322:00
Galeria Zé dos Bois


Lichens
Helena Espvall

Lichens

Mente de desígnios labirínticos e continuamente devotos à música enquanto fenómeno insondável e transcendente, Robert A.A. Lowe chega a 2013 com a devida notoriedade de quem durante anos trilhou o seu próprio caminho alheio a quaisquer fenómenos sazonais. Gente de respeito, ao qual se poderia colar o epíteto de ‘culto’ não fosse esse termo não fazer grande sentido nos dias de hoje. Após a militância nos não-bem-post-rockers 90 Day Men, Lowe embrenhou-se na torrente anímica do psicadelismo, e por lá tem permanecido ao longo destes últimos anos, reinventando-se a si próprio com a visão periférica dos incansáveis. Nos seus primeiros trabalhos a solo sob o pseudónimo de Lichens recorreu à sua própria voz enquanto veículo primordial para a elevação, através de ondas que se iam dispondo num fluxo beatífico pautadas por notas esparsas de piano e guitarra. Algo já comprovado in loco no espaço da ZDB e registado para a posteridade nos discos que gravou para a mítica Kranky – “Omns” e “Psychic Nature of Being” – ou no mais recente “Lítiõ Fólk”. Essa dimensão litúrgica, que em Lichens encontrava uma espécie de espírito ancestral em Laraaji, tem vindo a encontrar novas formas de expressão não apenas através das suas colaborações com nomes como Rose Lazar, White/Light e de forma mais visível com os Om – com quem esteve presente na memorável passagem destes por este palco – mas com o seu trabalho em nome mais ou menos próprio. O celebrado ‘Timon Irmok Manta’ editado o ano passado pela ilustre Type, acrescenta novas peças a este fascinante mosaico, num mantra de sintetizadores, ritmos e vozes que é quase dub, quase kraut – via Cluster/Harmonia -, quase Rhythm & Sound, quase chill sem nunca o ser e a inventar todo um universo em si mesmo. Tão telúrico quanto espacial. Tão hipnótico quanto intrigante. Mas sempre apaixonante. BS

Helena Espvall

“Violoncelista de origem sueca que passou os últimos anos largos nos Estados Unidos, e que está a viver perto de nós em Lisboa durante uma temporada – um privilégio. Emergindo como uma das vozes dos excelentes Espers, parte crucial do bom de trabalhos na música independente norte-americana de meados da década passada que se dedicou a uma actualização das formas folk anglo-saxónicas, tem vindo calmamente a construir um percurso discográfico e em palco, em âmbitos mais ligados a uma improvisação altamente melódica – a senhora Espvall tem um ouvido caríssimo para construções harmónicas espontâneas. Entre trabalhos a solo regulares, editou dois óptimos discos em duo com o mítico Masaki Batoh, líder dos Ghost (ambos pela Drag City); estabeleceu uma colaboração regular com Eugene Chadbourne, tendo feito também alguns trabalhos em formações com o artista português David Maranha, entre tantos outros encontros. Nos seus registos a solo mais recente encontramo-la a desenhar lindas tecituras hipnóticas, nas quais encontra sempre aberturas melódicas fascinantes, numa busca incessante pelas possibilidades da frase num âmbito pós-clássico e telúrico.” Texto da autoria do Out.fest

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