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Lisbon Freedom Unit – “Praise of Our Folly”

sex06.11.1522:00
Galeria Zé dos Bois


©Vera Marmelo

“Digam-me, há alguém que seja mais feliz do que aquela classe de homens a quem normalmente chamamos loucos, idiotas, imbecis ou simples – nomes que em minha opinião são de uma refinada beleza?» A pergunta vem de um clássico da filosofia que data de 1509, “O Elogio da Loucura”, de Desiderius Erasmus. Nele se inspira o projecto de estreia de uma nova formação que reúne a nata do jazz criativo e da música improvisada da capital portuguesa, Lisbon Freedom Unit – chama-se esse projecto Praise of Our Folly. O “Our” acrescentado ao título em Inglês do livro para designar este grupo, um noneto, mais realça o espírito colectivo que se pretende para o mesmo, apesar de ser uma iniciativa de Luís Lopes, o guitarrista. A loucura de Erasmus é partilhada e assumida, tornando-se no próprio “leitmotiv” da música que se vai ouvir.

A “folly” sobre a qual Erasmus escreveu é aquela que define a vida dos mortais que somos, no desempenho desta «comédia em que os actores, disfarçados com vestimentas e máscaras, se movimentam e representam os seus papéis». Isso se propõe fazer a LFU, teatralizando por meio dos sons a nossa comum existência, mas se o teólogo e crítico social que viveu na passagem do século XV para o XVI admitia que poderá haver um director de cena (Deus?) que nos «expulse do palco», o propósito é que ninguém, nem líder nem entidade divina, cale a loucura musical que se verificar. A não ser que seja o público, outro colectivo, a interromper o ritual. O que não é, de todo, improvável que aconteça…

Ao contrário do ensaio de Erasmus, a livre-pensadora LFU não tem uma agenda religiosa, mas os seus membros – Luís Lopes, Rodrigo Amado, Pedro Sousa, José Bruno Parrinha, Rodrigo Pinheiro, Pedro Lopes, Ricardo Jacinto, Hernâni Faustino e Gabriel Ferrandini – estão bem cientes de outro juízo do rebelde padre de Roterdão: «Se tivermos de escolher entre a loucura e um sacramento, deveremos sempre escolher a loucura – porque sabemos que um sacramento não nos aproximará de Deus e há a possibilidade de que a loucura o consiga.” Rui Eduardo Paes

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