Escritor de canções seguro do nosso burgo, Luís Severo tem doseado o seu percurso com a calma dos dias de quem não procura singrar à força mas antes edificar um repertório para a posteridade. Uma carreira, já longe das gravações arcaicas enquanto Cão da Morte, e ainda com um longo caminho em aberto, que arrancou em nome próprio com Cara d’Anjo em 2015, foi continuada com um álbum homónimo em 2017 e teve terceiro tomo no ano transacto com o O Sol Voltou, lançado no imediato e sem anúncio prévio.
Apontando novas roupagens a uma escrita já por si muito sua, O Sol Voltou acolheu a electrónica no seio acústico das canções, num limbo sempre harmonioso em que a melodia ecoava o título do álbum, melancolia estival e tudo o mais. Rapaz de uma voz firme e doce e prodigioso nos arranjos, Severo apresenta agora uma nova formação da sua banda, onde aos habituais cúmplices Diogo Rodrigues e Bernardo Álvares se junta agora Catarina Branco. Oportunidade de a testemunhar em primeira mão. BS