Trompetista de referência para a composição do bonito mosaico jazzístico deste país, Luís Vicente tem trabalhado contínua e corajosamente faz mais de uma década a sua abordagem ao instrumento num processo público de inegável e merecido reconhecimento. Num crescendo de actividade, foi traçando o seu caminho com paciência, forjando alianças, acolhendo ensinamentos e nesse acto forjando uma linguagem múltipla de direções e formas, onde a capacidade técnica, escolar e vivida no terreno, se deixa contaminar pelo lirismo, pela exploração e técnicas mais ou menos extendidas, mais ou menos tradicionais, mas cada vez mais articuladas e suas. O périplo constante que o tem levado a tocar por toda a Europa e a crescente discografia são disso marca, numa rede de ligações que o levou a tocar com luminários como Hamid Drake ou William Parker e a estabelecer cumplicidades com músicos como John Dikeman, Vasco Trilla ou Onno Govaert e a erigir o seu próprio trio e quarteto, além de inúmeras formações mais ou menos estáveis com registos em editoras como a Clean Feed, NoBusiness, JACC Records ou Multikulti Project.
Com um percurso em sintonia com o de Vicente, o baterista Andrew Lisle vai calcando o seu lugar no legado do jazz e da música improvisada de Inglaterra. Antigo residente em Lisboa, foi aqui mesmo que arrancou com maior foco para uma trajectória de crescente cartografia, após conclusão do curso no conservatório de Leeds. Por cá, foi tomando pulso à cena improvisada e jazzística, com epicentro criativo vital na antiga loja da Clean Feed, amigando e tocando com várias das figuras que lhe dão valor e criando ligações que ainda hoje se mantém. Entretanto regressado ao seu país de origem por lá tem explorado a bateria enquanto instrumento de expressão rítmica e harmónica total, capaz de se entregar ao fogo libertador da fire music num vortex de rufos de tarola, batidas quebradas e uma noção de movimento contínuo tão livre quanto contemplada. Léxico rico e informado que o tem levado a tocar continuamente no Kodian Trio com Colin Webster e Dirk Serries, com John Edwards ou em diversas formações de John Dikeman. Encontra-se aqui com Vicente a marcar novo ponto de referência para o percurso de ambos. BS