Prognósticos, predições ou previsões não podem ser alcançados por intermédio da razão quando lidamos com situações inéditas. LUSOLOSS é uma meta-arena para a ativação e a experimentação baseada em ideias etéreas e nos seus significados bifurcados e entrelaçados, ainda não claramente definidos ou resistindo a significados objetivos – o espaço de confrontação com o que não sabemos que não sabemos.
Como um redemoinho, LUSOLOSS conglomera e compacta elementos díspares de forma centrífuga, obrigando forças antagónicas a tornarem-se noutra coisa. O foco principal deste evento encontra-se no elemento que gerou a vida na Terra – a Água –, nas potenciais ameaças à sua potabilidade e na insistência incongruente em políticas relacionadas com a inteligência artificial e quântica, quando o essencial é desconsiderado e sua escassez não é combatida. Toxicidade, radioatividade, nano-robótica, poeiras inteligentes ou microplásticos – todos eles são insípidos, invisíveis, maioritariamente indetectáveis a olho nu e começam a abundar. Tendo esta constatação como ponto de partida, o antídoto deve derivar de uma reflexão consciente sobre as sutilezas de tais matérias, incluindo seus aspectos bizarros e hipereais.
LUSOLOSS divide-se em três fases principais: Nigredo, Umber e Albion. Estas podem ser entendidas como uma grelha operativa em que diferentes processos se fundem e se consubstanciam e a partir da qual se materializam transições entre estados de consciência: rituais de presença e de lugar, padrões de respiração e vulnerabilidade, o corpo e o seu duplo, tácticas de auto-preservação e, como resultado, uma abordagem D.I.Y. à espiritualidade. O seu formato, proposto sem qualquer ensaio geral e inspirado tanto na
Estética do Risco quanto na Estética do Fracasso, deriva de motores improvisados, intercalados com memórias, adoptando observações bilaterais entre o sujeito e a audiência. Deste modo, procura verificar, em tempo real, se ele mesmo provém de uma fonte artística ou gesto poético ou se se revela, afinal, ser o trabalho de um trapaceiro representando a escandalosa ”personificação da ambiguidade”. Ou ambas.
Otelo M.F.