Há cerca de vinte anos que M. Ward é presença habitual nos cenários country e folk das paisagens norte-americanas. Ward não é apenas um virtuoso guitarrista, mas antes uma old soul em tempos de frenesim calamitosos. É folk embalada por coloridas formas contemporâneas, ainda que o recorte bucólico se afirme perante as guitarras ligadas à electricidade ou mesmo à agitação de canções do passado como “Me and My Shadow” (A Wasteland Companion, 2012) ou “Time Won’t Wait” (More Rain, 2016). Em 2018, Ward editou “What a Wonderful Industry”, disco onde ironiza a indústria da música, inspirado pelos estereótipos habituais do meio, mas também pelas “pessoas com quem adorou trabalhar”. “What a Wonderful Industry” vive nesta satírica deambulação entre os seus heróis e vilões de percurso musical, contudo, se vislumbre agora um sucessor, “Migrations of Soul”. O compositor californiano prepara-se para editar em Abril, pela ANTI-Records, o seu décimo primeiro álbum. Após uma carreira repleta de trabalhos colaborativos, entre eles She & Him com Zoey Deschanel, o “herói da folk” para a Rolling Stone estreia-se finalmente no nosso aquário para uma nobre e intimista actuação. JH
