A história de 2023 ainda se escreve ao sabor da pandemia e de como afectou o ritmo de certas bandas. Veja-se uma banda como Mannequin Pussy, depois de anos a criar com a lentidão DIY uma comunidade de fãs, primeiro nos Estados Unidos e depois pelo resto do mundo, em 2019 explodem com um óptimo álbum na Epitaph (“Patience”) e galopam para palcos maiores num piscar de olhos. Os grandes festivais norte-americanos queriam que tocassem lá, obrigaram-se a tocar mais do que esperavam, uma boa notícia para a banda, uma vez que parte da explosão criativa provem da performance e do relacionamento com os seus fãs ao vivo. Aconteceu o que se sabe, planos cancelados e a confirmação de (boa) vida após “Patience” existe pela necessidade de meter algo cá para fora, o EP “Perfect” que saiu em 2021. Em 2023 os palcos voltam a estar preparados para Mannequin Pussy. Bem como a promessa de um novo álbum.
Formados em 2010, em Filadélfia, começaram como duo, Marisa Dabice e Athanasius Paul. A formação foi mudando gradualmente ao longo do tempo, em “Patience” estavam sólidos em modo quarteto, mas “Perfect” foi o ponto final para Athanasius, que saiu da banda por motivos pessoais. Hoje existem enquanto trio formado por Dabice, Kaleen Reading e Colins Regisford. Intensos ao vivo, são uma versão actualizada do modelo Pixies / Breeders, com uma vocalista que age com a pujança, linguagem e direcção de quem sabe fazer viajar a sua experiência pessoal para uma geração que ainda precisa de punk-pop e hinos frescos e imediatos. E eles são muitos: “Drunk II”, “Who You Are”, “Control”, “Clams”, “Perfect”, “Romantic” ou “Denial”. Os Mannequin Pussy em 2023 estarão possessos com canções novas e, muito provavelmente, com o tanque cheio para darem os concertos – e a insatisfação – que lhes foi tirada na promoção de “Patience”, o álbum que os colocou onde estão hoje. AS