Voz essencial no bonito mosaico de canções que se tem vindo a compor por cá ao longo dos últimos anos, Maria Reis deu no ano passado um passo seguro e importantíssimo nessa mesma afirmação com a edição do seu primeiro álbum a solo — Chove Na Sala, Água Nos Olhos — após anos de militância ao lado da sua irmã Júlia com as Pega Monstro e umas primeiras canções onde se ia descolando das inclinações mais rock destas para um território onde a pop serve para curar maleitas e abençoar vivências.
Disco imaculado em sete canções que cravam memórias, assentes num lirismo tão real quanto alusivo, entregue a melodias que perduram entre a doçura e uma certa amargura que torna tudo mais tangível e vivido, Chove Na Sala, Água Nos Olhos é tão firmado na sua própria independência quanto comunal no chamamento. Apresenta-se aqui a solo e acompanhada por um trio de cordas, numa prova de que o real valor destas canções está apenas nelas mesmas. BS