A poesia sonora de W Horn faz-se de crepitação, lume brando e fumaça densa. Uma antítese à hiper-velocidade de uma era que parece há muito distante de si mesma. Essa busca, antropológica, sónica e quase metafísica, leva-a a outras realidades inusitadas, depositadas no subsolo do visível. Integrante do coletivo Sthlm Drone Society e participante numa mão cheia de festivais pela Europa fora, a artista sueca eleva-se como uma criadoras mais insulares do momento. A força telúrica em bruto, enredada com cabos eléctricos e estilhaços de uma obra abandonada, ilustrou livremente a narrativa electo-acústica Kontrapoetik. Uma peça que engoliu ocultismo, mitologia folclore e composição clássica, gerando um antigo mundo novo.
Epistasis surge meses depois e tratou-se de um passo em direcção à luz. A cor do piano e a rugosidade das cordas foram elementos usados para uma aproximação orquestral em constante fluxo por gravações de campo processadas, ecos de melodias perdidas e sombras metálicas em suspensão. No mesmo ano de 2019 compôs ainda a peça em torno da tragédia grega Fedra/Hippolytus, apresentada no Royal Dramatic Theatre, em Estocolmo; e marcou ainda presença no festival Madeira Dig ao lado de Keiji Haino, Nivek ou Kali Malone.
Garantia absoluta de catarse e emersão minimalista fazem parte do cenário a esperar desta vinda a Lisboa. NA