Desde cedo que a guitarra está no colo de Marinho, mas foi num mar de referências românticas que cresceu, entre os filmes de Hollywood dos anos 90. É, de resto, nessa fórmula simples do romance que paira “~” (til), o primeiro disco da compositora lisboeta.
O primeiro single “Ghost Notes” apresentou-se encantador e abriu as portas de “~” para uma tela majestosa pincelada por guitarras delicadas que se arrastam pelas paisagens bucólicas da folk norte-americana. Apesar de vaguear numa panóplia de referências pop, Marinho descende do indie apurado de Courtney Barnett ou até da fragilidade disfarçada na folk arrojada de Julia Jacklin. Nos oito temas que compõem o disco, Marinho revela-se serena, de voz sensível, demonstrando que é sempre possível sarar um coração dorido, numa dança entre as palavras sóbrias e a condição vulnerável que, por vezes, é inerente à natureza humana.
Após ter maravilhado a plateia na primeira parte do concerto de Anna St. Louis, Marinho regressa à ZDB para se inscrever na história de um palco que lhe diz muito, num formato de celebração que recebe o lançamento de “~”. JH