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Mdou Moctar ⟡ Jibóia

qui17.09.1522:00
Galeria Zé dos Bois


Mdou Moctar
Jibóia ©Joana Cardoso

Mdou Moctar

A história de Mdou Moctar é por si só uma vibrante sucessão de acontecimentos. Encontros e desencontros próprios da vida que apenas poderiam resultar numa fenomenal estrela como, de resto, se tornou. Não que tenha atingido uma escala comercial alargada, mas certamente fez vingar – e contagiar mundo fora – a sua paixão e dedicação pela guitarra. Desde criança que esse fascínio pelo instrumento se vinha a impor a uma dimensão demasiado grandiosa para ser desprezada. Contudo, quando se cresce no seio de uma família conservadora, que tinha na música uma proibição absoluta, a tarefa ameaça ser bem mais desafiadora. Nada que tenha no entanto afastado Mdou desse objectivo de um dia também ele pegar na guitarra e torná-la uma extensão de si mesmo – à semelhança do seu herói, e também guitarrista, Abdallah ag Oumbadougou. Por entre barreiras familiares e uma série de circunstâncias externas à sua vontade ditando um afastamento de três longos anos à guitarra, reencontrou-se com ela para nunca mais a largar.

Contrariamente à recente nata de música tuaregue destacada por nomes como Bombino ou Tinariwen, a mensagem de Mdou descarta uma intervenção política, centrando-se essencialmente na narrativa do dia-a-dia, em sentimentos universais guiados por uma entrega absoluta e genuína. Considera-se um revolucionário do coração, um porta-voz acidental para a sua geração local que desde então tem vindo a alargar-se à escala internacional. Um efeito parcialmente explicado pelo factor-causa chamado Christopher Kirkley (também patrão da editora norte-americana Sahel Sounds) que um dia gravou o clássico Tahoultine a partir de um telemóvel. Daí até ao convite para Mdou fazer parte do seu clã de artistas foi passo natural e obrigatório.

Figura central do filme Akounak Teggdalit Taha Tazoughai (em exibição no ciclo de Cinema no Terraço), nele são visíveis as propriedades mágicas da sua força telúrica. Um incontrolável furacão de ritmo e transe, mas também um claro representante da mais balsâmica das contemplações. Se o mundo permite tantas e tão diversas sensações, Mdou parece definitivamente apostado em trazê-las consigo para uma obra de honesta partilha. Sem rodeios: falhar a este chamamento é puro pecado. NA

Jibóia

Desde Jibóia EP que o encanto arabesco de Óscar Silva ganhou um destaque inevitável no horizonte da produção nacional. A partir de um órgão Casio e uma guitarra eléctrica, criou um personagem que tem vindo a vingar nos últimos anos. Tal acontece pela ousadia e valentia estética, mas igualmente pelo empenho em redor de uma linguagem progressiva no que diz respeito à aglutinação de novos elementos criativos. Ou por outras palavras, o savoir faire de inovar dentro de um perímetro identitário que é seu e já imediatamente reconhecível aos ouvidos do público. É precisamente dessa perspectiva que tem origem esta actuação. Em formato inédito, Óscar traz o preâmbulo de um álbum ainda por nascer. São novas composições, nunca antes tocadas, definidas por uma atmosfera, segundo palavras do próprio, mais densa e negra que o habitual. Uma mudança na sonoridade que não é mais do que o fruto da recente colaboração com Ricardo Martins (bateria), com quem compôs o novo disco, e com Jonathan Saldanha (HHY & The Macumbas e Fujako) autor da produção do mesmo, para já sem nome ou data de edição prevista.

Em união espiritual com o cenário garrido do deserto de Mdou, e a marcar o arranque das festividades, Jibóia está então de regresso à ZDB para uma apresentação absolutamente singular. Agora em duo, junta-se ao palco o baterista Ricardo Martins, com quem gravou estes novos temas, na mira de um set extra-ritmado. Quem no passado assistiu ao fogo de Jibóia saberá que a ascensão terrestre é mais que garantida. Resta agora testemunhar o que existe para lá disso. NA

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