ZDB

Artes Performativas
Performance

Medo e Feminismos

— – Maria Gil e Miguel Bonneville

26.07 — 27.07.12
NEGÓCIO Rua de O Século nº9 porta 5, Lisboa


Medo



Nesta palestra, duas pessoas, que manifestam um saber arquivista sobre medos, estão sentadas lado a lado para evocar medos passados presentes e futuros; autobiográficos ou não. Medos que se transformam em medos sociológicos, em manifestações do controlo político que é exercido sobre a sociedade, sobre as pessoas. A partir dos conflitos internos de cada performer constrói-se uma apresentação fragmentada com direito a pequenos actos de sarar que não pretendem mais do que transformar veneno em remédio.



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TENHO MEDO DE IR À SEGURANÇA SOCIAL

Tenho medo de ter dívidas enormes das quais não sei. Tenho medo de esperar infinitamente. Tenho medo de ligar para lá para marcar o meu lugar. Acho que só lá fui uma vez e gostava de nunca mais lá voltar. Tenho medo de assistir a cenas dramáticas e de pensar que não há nada que eu possa fazer. De pensar que a minha cena dramática acontecerá também, talvez só dentro do meu corpo. Que há milhões de pessoas em situações muito piores e que é absolutamente ridículo nascermos para isto, para sermos números e termos funções e para vivermos eternamente sob a tirania de um paizinho – de vários paizinhos – que nos fodam a torto e a direito. Prefiro pai nenhum a paizinhos destes e paizinhos daqueles.

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Feminismos



De forma nostálgica e pessoal evocam-se algumas das performances mais significativas para a arte da performance feminista, seguindo-se uma reflexão pessoal sobre a prática do feminismo nos dias de hoje. A palestra termina com a recriação de duas performances feministas do século XX.

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Perguntei-lhe o que é que ela achava sobre a emancipação das mulheres e ela respondeu-me que achava bem, depois perguntei-lhe o que é que ela achava sobre as mulheres poderem exercer a sua sexualidade sem tabus e ela respondeu-me que achava bem, depois perguntei-lhe o que é que ela achava sobre a violência doméstica e de esta estar a aumentar com a crise, sobretudo nos jovens e ela respondeu-me que achava mal, e finalmente perguntei-lhe o que é que ela achava sobre o papel das feministas na sociedade e ela respondeu-me que as feministas pensam muito nelas, que são muito egoístas.

MARIA GIL

(Lisboa, 1978): Actriz, encenadora e directora artística do Teatro do Silêncio. Foi professora de teatro durante oito anos no ensino básico, secundário e superior. É voluntária na área da escrita criativa trabalhando com pessoas com doença mental crónica. Os seus textos e os seus espectáculos são sempre sobre a forma como vê e habita o mundo, são sempre autobiográficos.

MIGUEL BONNEVILLE

Porto, 1985) Concluiu o Curso de Interpretação na Academia Contemporânea do Espectáculo, o Curso de Artes Visuais pela Fundação Calouste Gulbenkian e o curso ‘Autobiografias, Histórias de Vida e Vidas de Artista’ pelo CIES-ISCTE. Através de performances, desenhos, fotografias, música, livros de artista, Miguel Bonneville introduz-nos a histórias autobiográficas centradas na destruição e reconstrução da identidade.

PEDRO SILVA

(Lisboa, 1975): É licenciado em Realização Plástica do Espectáculo pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa (2003) e frequentou a Licenciatura em Arquitectura de Interiores pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa. Tem trabalhado como cenógrafo para várias companhias e criadores de teatro.

TEATRO DO SILÊNCIO

(Lisboa: 2004): Esta estrutura de criação é dirigida por Maria Gil (Encenadora, actriz) e Pedro Silva (Cenógrafo). Algumas marcas e características dos últimos trabalhos produzidos são: a realização de um trabalho de carácter experimental; a criação de textos originais e autobiográficos; a exploração de uma relação próxima e íntima com o público; a escolha de espaços intimistas para a apresentação dos espectáculos e o desenvolvimento de um trabalho transdisciplinar. Até agora todos os espectáculos foram dirigidos por Maria Gil, mas o grupo produz ainda curtas-metragens, CDs, livros e peças radiofónicas. Alguns dos últimos espectáculos do grupo foram apresentados em festivais e feiras de teatro em Santiago de Compostela, Glasgow, Guimarães, Tavira e Huesca. Actualmente o grupo ocupa o Lavadouro Público de Carnide, espaço partilhado com as lavadeiras locais, criadores nacionais e sabão internacional.

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