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Concertos

Nate Young (Wolf Eyes) ⟡ Tropa Macaca

sex13.04.1222:00
Galeria Zé dos Bois


Nate Young
Tropa Macaca

Nate Young

Odiados pelos snobs do jazz e temidos pelos tontos da pop, os Wolf Eyes (ainda) representam o maravilhoso fulgor do underground americano: desabrido, juvenil, violento. Sempre pronto a fazer chinfrim e a pontapear a reielficação da música (qualquer música). É verdade que, enquanto banda, vai para três anos que andam calados. Mas as suas encarnações individuais continuam bem vivas e, diga-se, não perdem em comparação: a energia, agora mais determinada e elegante, continua por lá e é um antídoto perfeito para a flacidez, para a papa sem proteínas que tomou conta dos sons dos Estados Unidos (vocês sabem do que é que eu estou a falar). Encontrar em palco Nate Young significa, por isso, assistir a uma grande concerto. Está dito e com propriedade. Este filho do Michigan não é o mais barulhento dos Wolf Eyes, mas é sem dúvidas, o mais “ameaçador”. Basta-lhe um “loop”, algumas batidas, a assistência humilde da electrónica, e erige nuvens lentas de medo, suspense, drama. Sim, faz música que age sobre as emoções, sem escapismos ou arrogância. O que lhe interessa é criar atmosferas, daquelas que nos contaminam com um silvo, um eco, uma imagem. Ouvem-se tradições nas costas de Nate Young. O ruído da Mute Records (e as ruínas da Europa do Pós-Guerra), o experimentalismo “metálico” dos Factrix, o cinema de terror, a paisagem pós-industrial de Detroit e outras cidades (com os seus vazios parques de estacionamento). E há um território imenso diante da sua música, como o fabuloso “Stay Asleep – Regression Vol. 2,” permite descobrir (foi editado em Outubro do ano passado pela NNA Tapes e, nem por acaso, com a colaboração dos restantes Wolf Eyes, John Olson e Aaron Dilloway). Ora, o concerto desta noite será apenas uma confirmação irresistível desse futuro. JM

Tropa Macaca

Os Tropa Macaca são o que poderíamos chamar de banda intermitente (“precária” é um termo que também não fica mal). Existem, pelo menos em palco, no intervalo das outras actividades dos seus membros, André Abel e Joana da Conceição. Por isso, cada concerto que dão é um acontecimento irrepetível e, passe o chavão, precioso. A música que fazem é à superfície austera (teclados e guitarra), mas bastam alguns minutos para que se revele numa abundância de relações, ecos, possibilidades. E se tudo resulta de uma aparente intuição, a verdade é que os loops, o feedback e os ritmos erigem espaços e narrativas coerentes. Não há fragmentos ou sons prescindíveis. Apenas música aventureira, que explora e abre sentidos. É neste contexto, que os Tropa Macaca evocam os Monoton, Mars, Cabaret Voltaire, This Heat ou os Tödliche Doris. Estão num diálogo constante com um dos momentos mais férteis de sempre da música popular urbana. Diálogo do e no presente, como este concerto demonstrará, generosamente, aos mais corajosos. JM

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