Carne, ossos, testosterona, roupas, melanina, cintas e suor. Gestos, movimentos, sensações, emoções, coreografias e ficções. Desejos, contingências e intenções.
No que tudo isto tem em cada um de materialidades específicas, arquiteturas, histórias, relações e antecedentes com a dança, entre muitos outros.
Partindo de uma perspectiva crítica sobre a idéia exausta de ficar nu como metáfora para a revelação de uma qualquer essência natural de si mesmo, investimos antes em nudezes construídas, contando com corpos que não se imaginam como são descritos clinicamente ou olhados pela sociedade.
Investigamos e construímos corpos como coleções de próteses, que nos transformam naquilo que precisamos, que desejamos ou em algo mais próximo de como nos imaginamos. E dançamos as danças que estes corpos dançam.
Danças colectivas feitas de uníssonos tortos, onde a política do fazer é mais relevante do que sua equivalência formal. Danças de um virtuosismo inventado, onde os corpos se descobrem através de um processo comum. Uma dança que dançamos juntos, e onde a forma como nos entregamos aos outros nos faz encontrar os nossos corpos mais além dos seus limites, mas também mais perto daquilo em que desejamos transformar-nos.